Marçal Grilo, que foi ministro da Educação no primeiro Governo socialista de António Guterres, entre 1995 e 1999, foi hoje o orador convidado de uma videoconferência promovida pela Federação Nacional da Educação (FNE).
"Acho que há uma escola que vai evoluir e ser capaz de se impor e responder aos desafios", sustentou, alicerçando a sua "grande esperança" num "antes e depois" da pandemia.
Perante a "grande imprevisibilidade" do futuro, o presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro manifestou "uma certeza": é necessário uma "escola forte" onde se "aprenda mais" e que forme alunos com "valores e comportamentos" que os "ajude a enfrentar um futuro incerto".
Para o antigo ministro da Educação, as escolas "não podem ser braços da tutela", devem poder "escolher os seus professores, técnicos, gestores e psicólogos".
"À tutela cabe apoiar as escolas como organizações", sublinhou, apontando que as escolas enquanto organizações, como defende, devem ter "lideranças fortes, um corpo docente coeso e qualificado e um plano educativo enquadrado na comunidade" em que estão inseridas.
Segundo Eduardo Marçal Grilo, uma escola só "devidamente enquadrada e consciente dos problemas da comunidade" terá "maior capacidade de influenciar o futuro" dos estudantes, que devem "ler tudo", incluindo ficção, "aprender com os erros" e ser estimulados para o "rigor, liderança, criatividade, inovação, persistência, dedicação e exigência", assim como para o "respeito pelos outros e pelas suas convicções, a solidariedade, a liberdade e a democracia".
O ex-presidente do Conselho Nacional de Educação realçou ainda "um paradoxo" que deveria ser ultrapassado, o de que os cursos de formação de professores "não atraem os melhores" apesar de a classe ser respeitada pela opinião pública.
Eduardo Marçal Grilo participou hoje na primeira videoconferência do ciclo "Que caminhos para a escola na pós-pandemia?", que a FNE promove até abril.
A pandemia da covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.384 pessoas dos 517.806 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O país registou hoje um novo máximo diário de infeções, 10.698, e mais 148 mortes. Na quarta-feira, o número de mortos diário comunicado, 156, foi o mais elevado desde o início da pandemia.
A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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