Luso-americana teme que perigo de violência nos EUA não tenha terminado
A luso-americana Margaret Resendes Peek acredita que o risco de violência continuada após a invasão do Capitólio, que resultou em cinco mortos e dezenas de detidos, não terminou com o falhanço da tentativa de insurreição.
© Getty Images
País EUA
"Aquela demonstração de revolta civil no Capitólio foi horripilante", afirmou à Lusa esta luso-americana. "Infelizmente, não acabou".
Mãe de um militar do exército norte-americano, Peek considerou "um choque terrível" perceber que as forças armadas estão sob alerta para responder a violência dentro das suas fronteiras por parte dos seus próprios cidadãos.
"Tal como muitos outros neste país, as ações daqueles que invadiram o Capitólio [a 6 de janeiro] demonstraram como o ódio ganhou tração nos últimos quatro anos", afirmou.
Peek, que reside no condado de Placer, a nordeste de Sacramento, disse que existe receio de mais ações similares antes e depois da tomada de posse de Joe Biden como Presidente dos EUA, que está marcada para 20 de janeiro.
"Embora eu saiba que Biden e Harris estarão a salvo da violência durante a tomada de posse, não posso dizer o mesmo para o resto de nós", considerou. "Não sei quanto mais veremos do que aconteceu a 6 de janeiro de forma generalizada. Não tenho a certeza de quanto combustível os membros do culto de Trump vão gastar para mostrar que o apoiam", continuou.
"Sei que muitas pessoas inteligentes e experientes expressaram receios sobre [a possibilidade de] mais que apenas pequenos protestos", comentou.
Descrevendo o estado do país como "fraturado", Peek considerou que nada do que está a acontecer constituiu uma surpresa, apesar de revoltante.
"Foram quatro anos muito dramáticos de uma ação chocante seguida de outra", disse. "Terminar de outra forma é que seria uma verdadeira surpresa", desabafou.
Considerando que os anos de Trump foram "emocionalmente esgotantes", Peek disse ter dificuldade em perceber como é que há tantas pessoas a questionarem um sistema eleitoral que foi amplamente escrutinado.
"A representação conspiratória do processo eleitoral neste país é uma forma de terrorismo psicológico", afirmou.
Para Margareth Resentes Peek, "as teorias da conspiração que serviram como cortinas de fumo sobre a verdade causaram tantos danos quanto o resto".
"Quando confrontados com a realidade, aqueles que se apoiam em conspirações para justificar a paranoia constroem armas com elas", comentou.
Para o início da administração Biden, Peek disse ser urgente que o novo Presidente controle rapidamente a pandemia e acelere a vacinação da população naquele que é o país mais afetado pela covid-19.
Depois disso, será necessário corrigir problemas e desigualdades estruturais no país.
"Pedir-lhes-ia que se lembrem que já havia muitos problemas antes da pandemia e estes têm de ser endereçados quando as nuvens se dissiparem", disse Peek.
"Precisamos de descobrir formas de ajudar os nossos idosos, que estão cada vez mais a tornarem-se sem-abrigo. Precisamos de investir na oferta de serviços de saúde mental e tratamento de adição a drogas para todos", enunciou. "Precisamos de endereçar a fome em crianças e adultos e perceber como proteger o meio ambiente".
Peek considerou que não só muitos destes problemas foram exacerbados pela covid-19 como também piorados pela situação política no país. "Tivemos quatro anos de medo e ódio em cima destas coisas", salientou.
"Espero que esta administração se lembre que a bondade, compaixão, amor e moderação nos levam mais longe", disse.
"Já vimos isso com os belos discursos eleitorais proferidos por Biden e Harris. Espero que eles saibam como manter esse tipo de realismo", continuou. "Precisamos de um 'show' de realidade, em vez do 'reality show' que tivemos nos últimos anos".
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