"Estivemos durante a manhã a proceder quase a uma intervenção histórica, estamos a preparar a abertura ou a deslocalização de uma enfermaria para o Hospital da Luz", divulgou hoje o Hospital Amadora-Sintra, precisando que vão ser colocados naquela unidade "20 enfermeiros, 10 auxiliares e três médicos".
Numa declaração à comunicação social, o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF) explicou, que para a nova enfermaria, no Hospital da Luz, vão ser hoje transferidos "19 doentes", aos quais vão ser prestados cuidados pela equipa médica do Amadora-Sintra.
"Face ao número de doentes que temos, mantemos a necessidade de continuar a transferir doentes para outras unidades hospitalares", disse aos jornalistas um enfermeiro do Hospital Amadora-Sintra, adiantando que serão ainda transferidos outros "nove doentes para o Hospital das Forças Armadas e quatro para o Hospital de Campanha de Portimão", no Algarve.
O mesmo responsável esclareceu também que houve "um erro de comunicação" em relação ao número de doentes transferido para outras unidades hospitalares, na sequência dos problemas detetados na terça-feira na rede de oxigénio do HFF.
Em comunicado o hospital tinha informado hoje que os constrangimentos na rede tinham obrigado a transferir "53 doentes", mas o enfermeiro esclareceu que foram transferidos apenas 43.
Destes, 38 são 'doentes covid-19', dos quais "seis foram para o Hospital de Campanha da Cidade Universitária, três para o Hospital de Campanha de Portimão, um para o Hospital das Forças Armadas, seis para o Centro Hospitalar Lisboa Central, 15 para o Hospital de Santa Maria, quatro para o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e três para o Hospital de Setúbal", concretizou.
Quanto aos cinco doentes 'não covid-19' foram, segundo o mesmo responsável, transferidos outros hospitais, entre os quais os de Cascais e Garcia de Orta.
Fonte do Centro Hospitalar Lisboa Central, informou hoje ter já nas suas unidades "21 doentes do HFF", admitidos através da urgência do Hospital de S. José e distribuídos depois para o Hospital Curry Cabral.
Também hoje a Administração Regional de Saúde de Lisboa admitiu que o problema na rede de oxigénio do Hospital Amadora-Sintra ainda não está resolvido e que a unidade só deverá poder receber doentes no final da semana.
Contactada pela Lusa, a Câmara de Sintra informou que o presidente da autarquia, Basílio Horta, está "em permanente contacto" com o conselho de administração do HFF, realçando que "todo o sistema de proteção civil, onde se incluem as nove corporações de bombeiros do concelho, foi ativado".
A autarquia adiantou ainda que continuará a acompanhar a situação durante o dia de hoje e que o presidente do município "está a avaliar, com o hospital, soluções para resolver o que está a acontecer".
A Câmara Municipal da Amadora disse também estar em permanente contacto com as entidades de saúde e os diversos agentes de proteção civil que prestaram todos os esclarecimentos públicos sobre a situação ocorrida no Hospital Amadora-Sintra.
Numa nota enviada à agência Lusa, o município indicou estar a acompanhar a situação no Hospital Amadora-Sintra em colaboração "estreita e ativa" com todas as instituições envolvidas no combate à pandemia no concelho.
"Desde o início da pandemia que o caminho traçado na luta à covid-19 tem sido alicerçada numa forte articulação com todos os agentes da comunidade, entre os quais o Hospital Dr. Fernando da Fonseca, o principal hospital integrado no SNS que serve a população do concelho da Amadora", indica o município.
Segundo o Hospital Amadora-Sintra, os problemas registados na rede de oxigénio medicinal na terça-feira estiveram relacionados com dificuldades "em manter a pressão", nunca tendo estado em causa "a disponibilidade de oxigénio ou o colapso da rede".
Os constrangimentos obrigaram à transferência de doentes "com vista a garantir a diminuição do número de doentes internados a quem é necessário administrar oxigénio em alto débito", ainda de acordo com a unidade hospitalar.
Na terça-feira estavam internados no Hospital Amadora-Sintra 363 'doentes covid-19', tendo-se registado desde o início do ano um aumento de 400% de pacientes hospitalizados naquela unidade infetados com o novo coronavírus, com muitos deles a necessitarem "de oxigénio medicinal em alto débito".
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.159.155 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 11.012 pessoas dos 653.878 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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