António Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, afirmou esta segunda-feira, em entrevista a Miguel Sousa Tavares na TVI, que o "país atravessa uma crise de que não há memória" e para a qual é preciso uma resposta da nação como um todo.
"Não é uma crise, é uma mega crise social, económica, sanitária e também de valores", disse, considerando estarmos perante "uma situação extremamente complicada".
A uma crise destas, defendeu, "só se responde com uma estratégia que o povo perceba".
Concretamente sobre a situação económica, é preciso atuar na "fragilidade preocupante das empresas para que o tecido produtivo não fique totalmente destruído", apelou Ramalho Eanes.
Em segundo lugar, continuou, "é necessário considerar os desempregados - 500 mil desempregados é um número extremamente elevado."
"Há que considerar a pobreza. Não é admissível que existam portugueses que tenham fome. Entendo que esta crise é de todos e todos temos de nos empenhar para a ultrapassar. (...) Aqueles que têm mais conhecimento, aqueles que mais receberam do país têm a obrigação e a responsabilidade social de ao país darem tudo o que podem para que a situação seja ultrapassada", posicionou-se.
Refletindo sobre o combate à pandemia em Portugal, que dura já há mais de um ano, o antecessor de Mário Soares sublinhou "que devemos olhar para aquilo que fizemos, para aquilo que não fizemos e para aquilo que devemos fazer", apontando que houve erros no percurso.
"Entendo que numa situação deste género é indispensável que a nação se mobilize, que responda como um todo, e isso implica, obviamente, uma informação completa, uma informação transparente. Implica também que haja uma convergência de vontades, de esforços, e uma mobilização de recursos", disse, acrescentando ser "indispensável que o Governo atue com previsão, com estratégia e com gestão e que ponha inteiramente de lado pequenas questões de natureza ideológica".
"Aquilo que importa é conseguir o melhor resultado, o empenhamento de todos e uma mobilização capaz de recursos", reforçou.
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