Esta estratégia nacional define 10 áreas prioritárias e 136 objetivos operacionais, os quais traduzem projetos e atividades a implementar pela administração central, câmaras municipais e juntas de freguesias durante 10 anos, dando um grande enfoque à prevenção dos riscos, mas mantendo também a prioridade na resposta.
O documento integra todas as áreas de gestão de risco de catástrofe e engloba novas ameaças para a qual a proteção civil tem de estar preparada.
Os incêndios rurais são considerados os riscos mais significativos no país, seguido dos fenómenos de ventos fortes, secas, cheias e inundações.
"Estes são os riscos típicos, mas o importante é perceber que o cenário global mudou e estamos perante um novo paradigma e que cada vez mais temos uma panóplia de cenários e diferentes vulnerabilidades", disse a secretária de Estado da Administração Interna, em declarações à agência Lusa.
Entre os novos fenómenos, Patrícia Gaspar avançou com a segurança no ciberespaço, ameaças híbridas, questões ambientais, fenómenos extremos muito associados às questões climáticas e pandemias, como a covid-19.
"Tudo isto cria um novo cenário e a proteção civil tem também que se readaptar", disse, frisando que toda esta nova tipologia de fenómenos tem de ser incorporada e pensada, além dos riscos tradicionais, como incêndios, sismos e cheias.
Patrícia Gaspar destacou a importância que tem de ser dada cada vez mais à prevenção para se conseguir ter uma resposta eficaz.
"Durante muitos anos todos os trabalhos associados ou relacionados com os serviços de proteção civil e gestão de emergências acabaram por se focar quase sempre muito naquilo que é a área da resposta", afirmou, sublinhando que se tem vindo ultimamente a assistir a uma mudança de paradigma ao se começar a apostar cada vez mais nas áreas da prevenção e preparação.
A secretária de Estado sustentou que o risco zero não existe por mais que se trabalhe na área da preparação, salientando que não se deve descurar na resposta, que é o último patamar quando alguma coisa acontece, mas devem ser criadas "as condições para que a prevenção seja mais eficaz e com resultados".
"O objetivo final é a consciência de que quanto mais trabalharmos na prevenção menos necessidade vamos ter de trabalhar na área da resposta e assim poupam-se vidas, danos, dinheiro, impacto ambiental", defendeu.
Patrícia Gaspar deu também conta dos cinco objetivos fundamentais desta estratégia, designadamente o fortalecimento da governança dos riscos (saber quem é que gere o quê), incorporação do conhecimento científico, trabalhar para reduzir os riscos, melhorar a preparação através da formação e exercícios e envolvimento dos cidadãos.
A governante assegurou que há "um pacote financeiro associado" para a execução das medidas previstas da estratégia, tendo Portugal "uma oportunidade absolutamente fantástica que é o próximo quadro comunitário de apoio".
O documento indica que deve ser preparado até 01 de dezembro de 2021 um plano de financiamento, com indicação da estimativa dos encargos por entidade e por ano, identificando as respetivas fontes de financiamento.
A secretária de Estado destacou igualmente o reforço que é dado ao patamar local, tendo em conta a importância que os municípios desempenham na área da proteção civil.
"É nos municípios, ao nível das freguesias, muitas vezes onde tudo começa. Habilitar e capacitar os municípios para poder cada vez mais trabalhar nesta área da proteção civil é absolutamente fundamental", frisou.
A Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva até 2030 vai estar em consulta pública durante 30 dias e o Governo tem a expectativa de ter um documento onde todos portugueses se revejam.
A secretária de Estado apelou aos portugueses para que consultem o documento, sendo este o momento para opinar, dar contributos e criticar.
O atual documento, que se insere num contexto internacional e aprovado em conselho de ministros a 4 de março, sucede à Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva, que vigorou entre 2018 e 2020.
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