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"Desta experiência vai nascer um novo conceito" nas Forças Armadas

O vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da 'task force' para a vacinação para a covid-19, defende que o envolvimento militar na atual pandemia vai ser decisivo para o surgimento de um "novo conceito" das Forças Armadas (FA).

"Desta experiência vai nascer um novo conceito" nas Forças Armadas
Notícias ao Minuto

07:55 - 18/03/21 por Lusa

País Covid-19

"Acho que desta experiência vai nascer ou não um novo conceito", realça numa entrevista à Lusa. "Se a experiência for positiva, naturalmente haverá uma análise positiva desta 'construção'. Se for negativa, haverá também uma análise negativa desta construção", sustentou.

Segundo o coordenador da "task force", embora a participação das FA em missões civis esteja prevista na lei e seja frequente -- como nos fogos ou em outros momentos críticos - é realizada sempre a título excecional e "nunca tinha acontecido nesta dimensão".

Para Gouveia e Melo, poderá, todavia, despontar um "novo conceito" de uso das FA, que "não são só feitas para combater, são feitas para ajudar a população do seu país, umas vezes combatendo, outras vezes estruturando, outras vezes ajudando".

Neste aspeto, o vice-almirante destaca a resiliência, a organização, a capacidade de trabalhar sob 'stress' e incerteza e a rapidez na resposta das Forças Armadas, "qualidades que podem ser úteis ao país" e que este "deve descobrir" que podem estar disponíveis quando precisa delas.

De acordo com o coordenador da "task force", houve "algum divórcio da sociedade" relativamente às FA, sentimento que se foi esbatendo, tendo a sociedade amadurecido depois do 25 de Abril.

"Este é um momento de amadurecimento, em que havendo capacidades disponíveis no país, num momento de crise, devem ser chamadas para ajudar o país", remata.

O coordenador da "task force" adianta que, tendo as FA essa capacidade, "não faria sentido não [as] chamar, por preconceitos ideológicos ou outro tipo de preconceitos quaisquer".

"Estas coisas vão acontecer de forma natural, sem que isso tenha o significado de uma interferência das Forças Armadas na sociedade civil", destaca o vice-almirante, para quem esse significado "tem de ficar claro".

Segundo o vice-almirante e ex-adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas, "as Forças Armadas não interferem na sociedade civil, ajudam a sociedade civil quando ela, em momentos de crise, precisa das Forças Armadas".

No fundo -- afirma -- apesar de esta possibilidade estar prevista na Constituição desde 1986, só agora "o sistema amadureceu", há "maior consciencialização" do serviço público prestado pelas FA e há "menor dificuldade em chamá-las quando é necessário".

"Da parte das Forças Armadas, [tem de se] evitar a tendência da ingerência, portanto, nós [os militares] só estaremos disponíveis para estas funções, quando nos chamarem e quando for mesmo preciso, e não transformar a nossa atividade numa atividade que levou a muitos problemas no passado", destaca.

Para o coordenador da "task force", foi isso "que levou também muitas resistências psicológicas a esta união de esforços, que hoje se faz porque a nossa democracia na realidade amadureceu", sublinha ainda, para acrescentar que "isto faz parte das democracias modernas".

"Felizmente, estamos numa democracia do século XXI na Europa e está amadurecida a nossa democracia", remata.

Questionado se esse "sucesso" das FA pode ser uma "reabilitação" da imagem da instituição aos olhos da opinião pública depois do caso do furto e recuperação de armas de Tancos, o vice-almirante reconhece que isso contribuiu para uma imagem negativa das FA, mas acredita que a população faz "o balanço" com outros acontecimentos que contribuem para uma imagem inversa.

"O que posso garantir é que todos os elementos das Forças Armadas estão desejosos de esquecer Tancos, não esquecer no sentido (...) de varrer para baixo do tapete, mas esquecer no sentido de fazer coisas positivas, para nos reafirmarmos enquanto modelo de Forças Armadas modernas (...) e capazes que o país precisa de ter em todas as situações, quer em situações de perigo externo, quer em situações de perigo interno, como é o caso desta pandemia", conclui.

Leia Também: Na coordenação, "se calhar, a farda ajuda", diz Gouveia e Melo

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