Nova lei de solos e ordenamento criticada por ordens profissionais
O urbanista Sidónio Pardal considerou hoje, no Parlamento, que a nova lei de solos e de ordenamento do território visa mudar o paradigma, mas "mantém tudo na mesma" e torna o processo de classificação "mais confuso".
© Dinheiro Vivo
País Urbanismo
No âmbito de audições em comissão parlamentar sobre a Lei de Base Gerais da Política Pública de Solos, de Ordenamento Território e de Urbanismo, o urbanista alertou que as expropriações podem levar a um "jogo perverso" no ordenamento do território.
A nova lei tem a intenção, segundo este especialista, de alterar paradigmas, mas tem aspetos mais confusos que o anterior quadro legal, ao questionar se as "áreas urbanizáveis se mantém" ou "estarão encobertas".
A "lei não fica clarificada mesmo para pessoas que sabem ler leis", comentou.
Sidónio Pardal recordou que o direito reconhecido ao particular, desde 1965, pode decidir se os terrenos "valem tostões ou milhões".
O especialista saudou que haja um estudo económico e financeiro previsto no diploma, para que não se ignorem os efeitos do planeamento no mercado imobiliário.
Por seu turno, o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, chamou a atenção para as consequências, que podem passar por "potenciais perdas", devido à alteração da classificação de solos, prevista na proposta de lei, uma vez que deixa de existir a categoria de urbanizável.
Este responsável instou a uma maior clarificação de conceitos como a regeneração urbana.
O dia de audições iniciou-se com Ana Isabel Queiroz do Vale, da Ordem dos Arquitetos, que sublinhou que uma lei de bases deve ser "estável" e que deveria ter explicitados os conjuntos de direitos e de obrigações do solo.
Aos deputados, a arquiteta referiu, ainda, que hoje em dia as autarquias têm duas opções quando se deparam com um particular que se recusa a aplicar os planos: "ou expropria ou espera".
A responsável explicou que a figura de venda forçada no projeto de diploma garante, assim, ao município que quem compra o terreno fica obrigado a concretizar a decisão tomada.
À tarde, os deputados vão ouvir a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), que fez chegar ao Parlamento um documento, no qual questiona se esta é a melhor forma de rever a lei de bases.
Para a confederação, não se devem apresentar "leis que pressupõem outras leis", recordando que à Lei de Bases se vão juntar diplomas adicionais, como os regimes de urbanização e da edificação, dos instrumentos de gestão territorial e o cadastral.
A CPCI defende, também, que a reabilitação e regeneração urbanas "não se impõem por decreto", mas devem ser exigidas pelo mercado, investidores e famílias.
"Consideramos que os esforços do Governo deveriam estar centrados na criação de mecanismos e das ferramentas essenciais à dinamização da reabilitação urbana", lê-se na posição enviada aos deputados.
Entre esses instrumentos estão efetiva redução das taxas urbanísticas e criação de incentivos e linhas de crédito específicas.
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