Mulheres ciganas defendem "discriminação positiva" para combater racismo

A "discriminação positiva" é a melhor forma de combater a discriminação e o racismo para com a comunidade cigana, defendeu hoje a presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas (ADMCP).

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© Diana Quintela/ Global Imagens

Lusa
20/04/2021 14:44 ‧ 20/04/2021 por Lusa

País

Racismo

 

Sónia Matos foi uma das oradoras a segunda sessão da Conferência de Alto Nível "Proteção contra a Discriminação Racial e Intolerância Relacionada", organizada pela Presidência Portuguesa da União Europeia (PPUE), e defendeu a necessidade de reforçar medidas de integração da comunidade cigana, especialmente ao nível da habitação e do emprego.

"Precisamos de tornar possível para as famílias ciganas alugar casas, através de um contrato com as autoridades locais, por exemplo, de acordos com a segurança social ou com instituições bancárias para facilitar a aquisição de uma primeira casa", sugeriu.

A título de exemplo, a presidente da ADMCP lembrou a dificuldade que a sua própria organização teve para arranjar um espaço para se instalar, pois "ficavam imediatamente indisponíveis" assim que era explicado aos proprietários a finalidade do arrendamento.

Nesse sentido, sugeriu também a possibilidade de "reabilitar edifícios que estão a cair" para instalar famílias ciganas fora do "espaço limitado" dos bairros sociais, "para que as pessoas sintam que pertencem à sociedade".

"Só podemos crescer quando crescemos juntos, não quando vivemos num espaço limitado num bairro social", considerou Sónia Matos no final da segunda sessão da conferência, dedicada ao tema "Perspetivas sobre discriminação: Principais tendências e desafios para uma UE unida na diversidade".

Ao nível da empregabilidade, a representante das mulheres ciganas lembrou também que muita gente que faz as formações da associação não consegue emprego porque "as vagas desaparecem" assim que vão à entrevista e defendeu a criação de apoios para as empresas que contratem ciganos.

"Não estou a falar de medidas específicas para ciganos. Já existem para pessoas que estão desempregadas, antigos toxicodependentes, ex-presidiários, imigrantes, mas ninguém contempla os ciganos, portanto as pessoas não contratam ciganos. Por isso, temos de incluir a palavra cigano nos acordos", defendeu a presidente da ADMCP.

A Conferência de Alto Nível "Proteção contra a Discriminação Racial e Intolerância Relacionada" foi organizada pela Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE), em parceria com o Programa Nunca Esquecer, e insere-se nos programas do Trio de Presidências (Alemanha, Portugal, Eslovénia) e da PPUE.

Além da ministra da justiça, Francisca Van Dunem, a conferência contou ainda com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e centrou-se nas temáticas específicas do combate à discriminação racial, à xenofobia, ao antissemitismo e ao anticiganismo.

Leia Também: Governo alerta para "escalada" de discursos xenófobos e racistas

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