"Maio já vai ser muito diferente e o verão será praticamente normal"
O virologista Pedro Simas é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.
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País Pedro Simas
No último ano, Pedro Simas passou de desconhecido do público em geral a uma das vozes mais respeitadas pela opinião pública e requisitadas pelos meios de comunicação social para explicar todas as novidades sobre a pandemia da Covid-19. O virologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa conquistou a confiança dos portugueses e não só. As entrevistas e os webinars sucedem-se por todo o território nacional, mas também por outros países.
Recentemente, o cientista foi até convidado, pelo social-democrata Carlos Moedas, no âmbito da sua candidatura à Câmara de Lisboa, para ser coordenador do Plano de Contingência da capital para Futuras Pandemias.
O Notícias ao Minuto esteve à conversa com o especialista, não só para perceber os desafios do país para não ter de enfrentar uma nova crise sanitária, como também para perceber a opinião científica de Pedro Simas sobre as vacinas, as reinfeções, a matriz de risco e as novas vagas. O perito tem boas notícias, “junho vai ser um mês praticamente normal”, mas também avisa que se houver um “ grande descontrolo” de novas infeções, isso pode levar à morte de pessoas que não são consideradas grupo de risco.
Portugal decidiu manter a inoculação da vacina Janssen, da Johnson & Johnson, e esta sexta-feira, espera-se, atualizará todas as informações sobre a vacina da AstraZeneca, que tanta controvérsia tem gerado. Qual é a sua opinião sobre os riscos destas vacinas?
Está demonstrado que são vacinas seguras e que os benefícios compensam qualquer tipo de risco de uma forma avassaladora. De facto, parece haver uma associação forte a casos muito raros - em pessoas mais novas e, principalmente, do sexo feminino -, de um evento que é a formação de coágulos, de uma forma disseminada e associados a uma baixa de plaquetas, que se chama trombocitopenia. Mas esses casos são extremamente raros, mais raros do que o risco de outros medicamentos e de outros perigos na sociedade.
É uma pandemia de controvérsia, uma pandemia de opiniões, uma pandemia de escrutínio
Como, por exemplo, a pílula?
Exatamente, comparado com a pílula, comparado com o viajar num avião, onde está sentado a grandes altitudes durante várias horas e a outras coisas do nosso dia-a-dia. Esta controvérsia que se tem gerado em torno das vacinas advém da cobertura mediática, de toda a gente estar a ser vacinada e de a sociedade em geral estar quase como que com um microscópio ou com um telescópio a olhar para todas estas coisas. Acontece exatamente o mesmo fenómeno que acontece com a pandemia, é tudo magnificado. É uma pandemia de controvérsia, uma pandemia de opiniões, uma pandemia de escrutínio.
Quanto à vacina da AstraZeneca, muitas das dúvidas estão relacionadas com o facto de muitas pessoas, com menos de 60 anos, terem já tomado a primeira dose da vacina e esta agora não ser recomendada para a faixa etária em questão. É seguro a segunda dose ser de uma farmacêutica diferente?
Por princípio, as vacinas podem ser combinadas. O que as vacinas contra o coronavírus fazem é estimular o sistema imunológico e a coisa mais importante na vacinação contra o SARS-CoV-2 é fazer o primeiro contacto com o vírus. O grande problema com o coronavírus é sermos completamente naïfs imunologicamente a este vírus, ou seja, nunca tivemos contacto com com ele, por isso, o mais importante é ter a primeira dose vacinal. Todas as primeiras doses vacinais já conferem um grau de proteção que é muito importante. A dose que vem a seguir é um bocado irrelevante.
Na altura da terceira vaga se se tivessem dado mais primeiras doses das vacinas tinham-se poupado muitas vidasEntão porque é que as vacinas têm diferentes tempos de resposta imunitária?
Todas as vacinas têm um protocolo, uma bula, mas todas as vacinas servem para estimular o sistema imunológico. Podem ter pequenas diferenças, mas as diferenças não são assim muito grandes. A vacina da AstraZeneca podia ser só de uma dose também, não é muito diferente da vacina da Janssen [da Johnson & Johnson] e esta é unidose. A vacina da Pfizer é uma vacina que, de facto, tem uma bula que diz que a segunda dose deve ser administrada, pelo menos, três semanas em relação à primeira dose, porque está demonstrado, para todas as vacinas, que o sistema imunológico funciona melhor assim.
O sistema imunológico tem um timing para reagir a uma vacina. Há um pico de resposta de anticorpos entre os 14 e os 21 dias, isto é, quando há um pico de concentração de anticorpos no sangue. Por isso é que se diz que a pessoa que toma a vacina tem de ter muito cuidado nos primeiros 14 dias para começar a ter algum grau de proteção. Resumidamente, pode-se combinar diferentes vacinas. O mais importante é ter a primeira dose, por isso é que se falou muito em tentar espaçar as doses de vacinas o mais possível e pô-las ao fim de oito/dez semanas para poder usar mais vacinas na altura que eram necessárias na terceira vaga.
Na altura da terceira vaga se se tivessem dado mais primeiras doses das vacinas tinham-se poupado muitas vidas. O sistema imunológico permite isso. Nós sabemos como é que ele funciona. Portanto, as vacinas acabam por ser todas muito semelhantes naquilo que causam no organismo, nas reações que causam. São diferentes na forma como se fazem e na metodologia que têm, mas não são diferentes nas respostas que causam.
Praticamente, neste momento, temos protegidos por vacinação quase 100% dos grupos de risco, ou seja, podemos tolerar um maior número de infeção comunitária sem haver internamentos e sem haver perda de vida humana
Afirmou há dias, em entrevista à Rádio Renascença, que a questão de fazer uma pausa nos concelhos com maior incidência de casos de Covid-19 é debatível. Porquê?
Acho que se deve desconfinar e que se deve ter cuidado, mas a 'pausa' no desconfinamento é debatível porque estamos numa fase de transição. Estamos a construir imunidade de grupo, não só através da vacina como da infeção natural, que é estimada em 13%, o que equivale a 1,3 milhões de pessoas [de acordo com o estudo serológico], ou seja, estamos a construir um muro de imunidade. Isto são boas notícias. Vamos chegar ao final de abril com todos os maiores de 70 anos vacinados, o que quer dizer que 90% de toda a mortalidade que tínhamos desaparece. Tínhamos cerca de 70% de mortalidade na faixa etária dos mais de 80 anos e 20% de mortalidade nos mais de 70 anos, portanto, em termos da proteção da mortalidade, temos cerca de 90% da mortalidade eliminada.
Mais do que isso - e o plano nacional de vacinação foi muito inteligente nesse sentido -, todas as pessoas dos 50 até aos 69 anos que são de alto risco, nesta fase, já estão vacinadas. Isto quer dizer que, praticamente, neste momento, temos protegidos por vacinação quase 100% dos grupos de risco, ou seja, podemos tolerar um maior número de infeção comunitária sem haver internamentos e sem haver perda de vida humana. O que é importante, neste momento, é olhar para o número de internamentos. Isso foi o que aconteceu em Israel, onde está tudo desconfinado.
Em maio, a nossa vida já vai ser muito diferente do que tem sido e vamos ter um verão praticamente normal. Se continuarmos a cumprir o programa de vacinação junho vai ser um mês praticamente normal
Quer dizer então que os parâmetros da matriz de risco têm de ser atualizados?
O primeiro efeito da vacinação, quando esta prioriza os grupos de risco, é a redução da mortalidade. Nós não podemos ficar só concentrados no R(t) e no número de infeções novas por dia por 100 mil habitantes e pensar logo em confinar outra vez. Ao vacinarmos e ao evoluirmos no tempo durante a pandemia estamos sempre a alterar esse limite. Portanto, sim, os parâmetros que definem aquele quadrante têm de ser atualizados.
O primeiro-ministro disse que os ia atualizar no final de maio, isso é ser muito cuidadoso, acho que têm de ser revistos antes do final de maio porque, como eu já previa, em março e abril vimos uma diferença muito grande nos lares, onde já não morrem pessoas [com Covid-19] há, praticamente, três semanas.
Em maio, a nossa vida já vai ser muito diferente do que tem sido e vamos ter um verão praticamente normal. Se continuarmos a cumprir o programa de vacinação junho vai ser um mês praticamente normal. Vamos estar muito perto daquilo que é imunidade de grupo e vamos poder, se calhar, até desconfinar quase na totalidade.
Não é a primeira vez que aponta Israel como um exemplo. E não é o único especialista a fazê-lo. O que é que temos a aprender com este país?
Israel tem cerca de 61% das pessoas vacinadas e está completamente desconfinado, já não usam máscaras. Em relação à semana passada, teve menos 34% de infeções comunitárias, Portugal teve menos 16%. Israel demonstra-nos assim que a imunidade de grupo funciona. Mostrou-nos que funciona quanto atinge níveis de 60% a 70% e não de 20% como alguns cientistas diziam no início da pandemia.
Outra coisa que Israel nos ensinou foi que o processo de reinfeção é de baixa frequência e que o processo de reinfeção com manifestação clínica de doença é raro, pois se o processo de reinfeção de pessoas vacinadas ou imunes fosse comum, o país não tinha menos 34% de novas infeções. A partir do momento em que eles desconfinam e continuam a ter um decréscimo significativo do número de infeções, isso mostra que a imunidade é protetora em relação à infeção e ainda mais protetora no desenvolvimento de doença severa, hospitalização e morte, que é o que nos interessa.
Por isso é que a opção que os ingleses fizeram de dar só uma dose de vacina foi super inteligente e conseguiu acelerar o processo de imunidade de grupo, poupando imensas vidas. Estas grandes questões que Israel nos ensinou eram previsíveis pelo que já conhecíamos dos coronavírus e da forma como o sistema imunológico funciona.
Temos uma grande proteção dos grupos de risco, mas se houver um grande descontrolo e um aumento muito repentino de infeções na comunidade mesmo pessoas que não são de risco vão parar ao hospital e têm de ser internadas
Então, já não temos de nos preocupar com uma nova vaga? Ou os ajuntamentos que se têm verificado em algumas zonas do país ainda podem trazer problemas?
Não é tão preocupante, mas temos de ter cuidado. O número de infeções agora vai subir, isso é inevitável, mas temos de estar muito atentos aos internamentos. O R(t) e o número de infeções diárias servem para tentar prever se vai haver mais internamentos, portanto, temos de nos antecipar. Temos de perceber o que é que está a acontecer. Temos uma grande proteção dos grupos de risco, mas se houver um grande descontrolo e um aumento muito repentino de infeções na comunidade mesmo pessoas que não são de risco vão parar ao hospital e têm de ser internadas. Não queremos que isso aconteça numa fase em que estamos a dois ou três meses de atingir a imunidade de grupo.
Ainda não estamos na fase de Israel e mesmo este país teve bastantes problemas até chegar à fase em que pôde desconfinar completamente. Por isso é que digo que estamos numa fase de transição. Por um lado estamos ótimos. Temos os grupos de risco controlados e se houver uma quarta vaga já não vai ser o que foi a terceira, mas não queremos correr o risco de sobrecarregar novamente o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e pôr a vida das pessoas em perigo.
O nosso SNS já teve tantos meses a operar sobre grandes limitações e a saúde em geral sofreu imenso com isso que não queremos ser irresponsáveis ao ponto de dizer 'os grupos de risco já estão vacinados, portanto agora vamos desconfinar completamente, vamos infetar-nos todos uns aos outros'. Isso não é assim, depois sofre o SNS, sofre a saúde em geral e é perigoso para aquelas pessoas que podem ir parar ao hospital.
Além disso, a doença pode trazer sequelas para o futuro, certo?
Não sabemos porque ainda não passaram dois, três ou quatro anos, mas não estou muito preocupado com isso. Acho que a natureza, pode ser inesperada, mas a maior parte das vezes é previsível. O que nós sabemos é que aquelas pessoas que tiveram infeção severa têm uma recuperação mais lenta e podem ficar com sequelas e cicatrizes porque tiveram envolvimento multissistémico de vários órgãos e estiveram entre a vida e a morte. Isso é a lei da vida. Agora, que aquelas pessoas que tiveram infeção assintomática venham a sofrer, daqui a uns anos, sequelas e doenças mais ou menos graves ou crónicas, eu duvido, porque esta é uma infeção respiratória.
É claro que há sempre casos raros como aquela situação de que se fala, aa Síndrome Inflamatória Multissistémica, que as crianças desenvolvem, geralmente entre os quatro e os 15 anos. Estes casos são extremamente raros e nós sabemos muito pouco do que os origina. Contudo, há uma associação de facto com fenómenos pós-infeção. Ou seja, uma pessoa tem uma infeção, seja de que vírus for, até com gripe ou outros vírus, e há uma pequena percentagem dessas pessoas que têm esta síndrome inflamatória multissistémica. Daí a haver sequelas terríveis do sistema nervoso central, cardíacas, etc., não acredito. A natureza não é assim, não penso que isso vai ser um problema. Claro que este tipo de infeções aparece mais agora porque tivemos uma experiência em tempo real com milhões e milhões de pessoas infetadas [cerca de 141 milhões até ao momento], por isso, é normal que apareçam mais casos desses.
A reinfeção não é um problema e o problema da infeção de uma pessoa que está vacinada também não é um problema de vida ou de morte ou de doença grave
Quanto aos casos de reinfeção, já referiu que estes são raros. Contudo, a DGS decidiu, também esta semana e ao contrário do que estava previsto, que os recuperados da Covid-19 há mais de seis meses serão vacinados a partir do fim de maio e não no final do plano de vacinação. O que pensa desta alteração?
Acho que não é necessário, mas acho que te de ser feito porque a pressão e a especulação de que a imunidade pode não ser mais duradoura que seis meses é tão grande que, olhe, o melhor é vacinar toda a gente por faixas etárias. Assim não há confusão. Foi como nos lares, no início distinguiu-se que quem tinha tido o vírus não era vacinado, mas a seguir chegou-se à conclusão de que o melhor era vacinar tudo. Acho que a vacinação agora, depois de ter os grupos de risco vacinados, devia ser por idades e não por profissões nem nada disso. Se cientificamente se justifica, não se justifica, porque os recuperados já têm o seu priming do sistema imunológico, já têm uma imunidade celular que é muito duradoura e se contactarem com o vírus vão desenvolver uma boa resposta imunológica, portanto, a reinfeção não é um problema e o problema da infeção de uma pessoa que está vacinada também não é um problema de vida ou de morte ou de doença grave.
Por isso, do ponto de vista científico não tem justificação, é mais uma questão logística. É mais fácil vacinar as pessoas por idade, independentemente, de terem tido Covid ou não. Eu nem punha já o critério dos seis meses, se é para vacinar eu facilitava e colocava tudo por faixas etárias.
Vejo com muita dificuldade essa dependência das vacinas contra o coronavírus. Não me revejo nessa previsão
Voltando às vacinas contra a Covid-19, alguns especialistas já sugeriram que estas serão, provavelmente, sazonais como as da gripe. O que pensa sobre isto?
Não me revejo nessa possibilidade de sermos vacinados todos os anos. Depois de atingirmos a imunidade de grupo é um vírus endémico, é um vírus a circular na população como circulam outros coronavírus. Essa circulação vai atualizando e reforçando a nossa imunidade de grupo. Uma pessoa até pode desenvolver uma constipação, mas é como se fosse vacinada outra vez. O nosso sistema imunológico está sempre a ser atualizado. O coronavírus evolui geneticamente, mas não como o vírus da gripe, por isso, vejo com muita dificuldade essa dependência das vacinas contra o coronavírus. Não me revejo nessa previsão.
Carlos Moedas pretende, no âmbito da sua candidatura à Câmara de Lisboa, elaborar um plano de contingência para futuras pandemias e chamou-o para coordenar esse plano. O Pedro já sabe como é que temos de nos preparar para outras pandemias? De que forma é que Lisboa tem de se preparar para futuras crises sanitárias?
Sim. Para enfrentar riscos globais como uma pandemia viral uma grande cidade como Lisboa tem de estar preparada para duas grandes tarefas: Lidar com um aumento repentino e grande de pessoas doentes e manter a cidade a funcionar para os restantes cidadãos. É impossível ter um sistema de saúde que consiga lidar eficientemente com uma pandemia. Não podemos construir e equipar hospitais à espera de uma pandemia sem conseguir prever quando chegará. Deste modo, perante uma pandemia teremos de ter numa cidade áreas identificadas e com infraestrutura para poder construir hospitais de campanha. E temos de ter planos que estejam atualizados para os pôr a funcionar em tempo útil e com o equipamento e profissionais necessários. Para isso é muito importante ter em Lisboa um sistema de saúde, privado e público, a funcionar nas melhores condições. Lisboa tem de ter um plano estratégico na saúde a todos os níveis, desde os serviços de saúde locais nos bairros e freguesias, aos grandes centros hospitalares. Para esta pandemia isso não aconteceu. É necessário investir mais nos serviços de saúde.
Em relação a manter a cidade a funcionar, tornou-se evidente que Lisboa é muito vulnerável a medidas de mitigação necessárias para controlar a disseminação de um agente infecioso como um vírus respiratório. O distanciamento social, confinamento. Existem bairros e algumas freguesias de Lisboa que estão melhor preparados e não tão afetados por medidas de distanciamento social, pois têm bons serviços públicos, comércio, zonas verdes, ciclovias e boa rede de transportes. No entanto, também não resistiram à pandemia e pararam. Isto porque existe em Lisboa e autarquias vizinhas uma grande desigualdade social e urbana.
Vou dar apenas um exemplo. Mais de metade das pessoas que trabalham em Lisboa vivem fora de Lisboa. Isto implica um enorme movimento de pessoas, todos os dias, para entrar e sair de Lisboa. Como para controlar uma pandemia é necessário parar estes movimentos em massa e promover o distanciamento social, nomeadamente nos transportes públicos, Lisboa parou. A situação ficaria resolvida se grande parte destas pessoas vivesse em Lisboa, onde trabalha, e pudesse movimentar-se através de mobilidade ativa. Solução. Criar habitação acessível que vai também resolver o enorme problema de gentrificação em Lisboa.
O que nós precisamos para Lisboa é resiliência e sustentabilidade, mas temos de o fazer com igualdade. Uma Lisboa mais preparada para uma próxima pandemia é uma Lisboa mais justa socialmente. Uma Lisboa mais saudável, mais tecnológica, mais inteligente, a cidade dos 15 minutos, verde, sensorial, emocional. Mas para todas as freguesias de Lisboa.
A contínua e acelerada destruição da natureza pelo homem, essa, sim, é uma ameaça real de risco de extinção da humanidade, mais do que qualquer pandemia que possa surgir
De que tipo de pandemias estamos a falar? De outros coronavírus? E já agora, acredita que vamos ter crises sanitárias semelhantes a esta num curto espaço de tempo?
As mais prováveis são por vírus com disseminação respiratória. E entre estas o vírus da gripe. Penso que aprendemos a lição com os coronavírus e vamos estar melhor preparados para a conter, protegendo os grupos de risco. Ainda que exista muita pressão humana sobre a natureza, o que favorece o aparecimento de novos vírus, a ciência e tecnologia vão estar cada vez melhor preparadas para os evitar. Espero que isso não motive a contínua e acelerada destruição da natureza pelo homem, essa, sim, uma ameaça real de risco de extinção da humanidade, mais do que qualquer pandemia que possa surgir.
Apesar de ter salientado, na altura em que Carlos Moedas anunciou este desejo, que o aceita de forma “independente”, não teme ficar associado a um partido político?
Não. É minha convicção que temos de mudar em todo o mundo o paradigma político. Temos de ter 'não políticos' na decisão política. Peritos que venham da sociedade. A sociedade tem de estar envolvida a todos os níveis. Desde a rua, ao bairro, à freguesia e à câmara municipal.
Quando é que o plano vai ser apresentado?
Ainda não lhe sei indicar, temos de nos coordenar, mas sairá em breve.
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