O arguido, que chegou a colaborar na reconstituição dos crimes, indicando à Polícia Judiciária os locais onde os focos de incêndio começaram, disse hoje no Tribunal de Aveiro que mentiu, afirmando que foram os polícias que o obrigaram a dizer aquilo.
Questionado pelo juiz presidente do coletivo de juízes, o arguido assumiu ainda que gosta de ver o trabalho dos bombeiros e os helicópteros a atuar, adiantando que gostava de ser bombeiro.
O homem está acusado de entre 08 e 21 de julho de 2020 ter ateado 10 incêndios, com o recurso a isqueiros, na Mamarrosa, em Oliveira do Bairro, no distrito de Aveiro, perto do local da sua residência, em terrenos agrícolas ou florestais onde existiam pinheiros, eucaliptos, sobreiros e cedros.
Num dos dias, o arguido terá ateado três incêndios no espaço de duas horas, tendo sido mobilizados os bombeiros e a GNR, num total de mais de uma centena de operacionais, apoiados por 10 viaturas e três helicópteros.
O suspeito foi detido pela PJ em 22 de julho de 2020, tendo-lhe sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva, que foi substituída pelo internamento preventivamente, em face da patologia psiquiátrica que o mesmo padece.
O MP diz que a personalidade do arguido "enquadra-se no perfil típico do incendiário", apontando como possíveis motivações para a prática dos factos a "frustração e revolta pela má relação com o padrasto" e "a satisfação e prazer de ver as chamas e o trabalho dos meios de combate em especial dos helicópteros".
Leia Também: Incêndios: GNR da Guarda utiliza tecnologias para sensibilizar população