Tolentino Mendonça pede que crise sanitária não seja crise de esperança
O cardeal Tolentino Mendonça alertou hoje para as outras crises decorrentes da pandemia de covid-19, como a precarização do trabalho e a pobreza, e pediu para que esta não seja uma crise da esperança.
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País Covid-19
"A crise sanitária ativou outras crises, no campo social, na precarização do trabalho, no agravamento das dificuldades económicas, na pobreza que cresce e não só entre os segmentos considerados mais frágeis, na debilitação do campo escolar, na diminuição de presenças nas comunidades cristãs e na incerteza que pesa sobre a vida de tantos", afirmou Tolentino Mendonça.
O cardeal, que preside à peregrinação internacional aniversária de maio ao Santuário de Fátima, que hoje começou, lembrou que a pandemia "ceifou vidas e alastrou lutos" e recuou aos acontecimentos na Cova da Iria, em 1917.
"De repente, sentimo-nos reportados à época dos santos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, quando a pandemia da febre espanhola fazia milhões de vítimas", referiu na homilia que se seguiu à procissão das velas, pedindo à Virgem de Fátima para "iluminar a dor de todos, sem fronteiras nem distinções", de próximos e distantes, de crentes e não crentes, "como se fosse uma só".
"Que escutes, no silêncio desta noite, a fadiga e o esforço, a solidão e as lágrimas, o cansaço e as necessidades de todos, que veles pela grande família humana ferida e nos mobilizes a todos para o desafio urgente de consolar, de cuidar e de reconstruir", continuou o arquivista e bibliotecário do Vaticano.
À Virgem de Fátima pediu também para que a atual crise "não se torne numa crise da esperança", pois esta é precisa para "olhar mais para diante, para ganhar confiança e repartir".
"Precisamos da esperança para transformar os obstáculos em caminhos e os caminhos em novas oportunidades", frisou.
Assinalando que a presença em Fátima não é apenas para pedir, mas também para agradecer, o cardeal salientou que, se cada pessoa "tem uma história de sofrimento para contar, tem também histórias de amor, de reencontro, de interajuda e solidariedade e essas histórias constituem um património" que não se pode esquecer, assim como "o testemunho de quantos colocaram o bem dos outros acima do seu próprio bem".
Num recinto onde estiveram 7.500 pessoas, o máximo permitido devido à pandemia de covid-19, o cardeal realçou que "a turbulência da pandemia" ajudou a "identificar o essencial com maior clareza", recorrendo de novo à Virgem, para solicitar que "esta dor sirva para alguma coisa".
"Que todo este sofrimento nos torne melhores, mais espirituais, mais humanos e mais fraternos", acrescentou.
Na semana passada, o Santuário de Fátima, no concelho de Ourém (Santarém), anunciou que as celebrações da peregrinação de 12 e 13 de maio têm um limite de 7.500 pessoas, justificando que a pandemia de covid-19 "ainda não oferece garantias" para acolher "sem reservas" todos os fiéis.
Em 2020, devido à pandemia, a peregrinação de 12 e 13 de maio ao Santuário de Fátima realizou-se sem fiéis, o que aconteceu pela primeira vez na história do templo mariano. Na peregrinação de outubro não foi atingido o limite de 6.000 pessoas que tinha sido estipulado.
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