"Testem-se, por favor". O apelo aos adeptos que estiveram nos festejos
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes considera que os festejos, que tiveram lugar na terça-feira e madrugada de quarta-feira em Lisboa, foram um "mau exemplo", defendendo que há que atuar "para quebrar a maior parte das cadeias de transmissão que eventualmente tenham nascido".
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País Pandemia
O especialista Manuel Carmo Gomes disse esta quarta-feira, na antena da SIC Notícias, ser consensual que o que se passou nos festejos do campeonato foi "um golo na própria baliza", mas defendeu que não vale a pena "chorar pelo leite derramado". Nesse sentido, apelou a todos os que estiveram nos festejos que se testem nas próximas 48 a 72 horas.
"Se alguma pessoa foi infetada, dentro de, aproximadamente dois a três dias, adquire capacidade de transmitir a infeção a outros e, provavelmente, não tem sintomas", lembrou. Se o teste for PCR e vier negativo, "tudo bem". Se for um teste de antigénio, que dê negativo, "recomendo que repitam o teste dois dias depois".
O especialista, que considerou os festejos um "mau exemplo", defendeu que as "responsabilidades sociais do clube" devem levar o Sporting a incentivar os adeptos a testarem-se.
Manuel Carmo Gomes sugeriu mesmo uma colaboração entre o clube e as autoridades de saúde para facilitar a testagem de todas as pessoas que o queiram fazer.
"Se fizermos isso, talvez consigamos quebrar a maior parte das cadeias de transmissão que eventualmente tenham nascido. Seria muito importante para que Portugal continue com um nível muito baixo de incidência, continuemos a ser um destino preferido por aqueles que vêm à procura de sol no verão...", realçou, reforçando o apelo já feito pela Direção-Geral de Saúde. "Por favor, testem-se" e "enquanto não souberem o resultado, evitem contactos com pessoas".
O especialista considerou ainda que o facto de os festejos terem sido ao ar livre "foi bastante benéfico", destacando o "bom comportamento" da maior parte das pessoas presentes. No entanto, "também é um facto que vi pessoas, literalmente, em cima umas das outras, aos gritos, sem máscara".
Esperança que festejos "não venham estragar o bom trabalho"
No panorama geral, Manuel Carmo Gomes destacou como positivo o facto de Portugal ter conseguido, a partir de março, "elevar muito o nível de testagem", mesmo tendo uma incidência baixa. "Nós, epidemiologistas, sempre dissemos que era possível controlar a epidemia, desde que a incidência fosse baixa e o nível de testagem fosse muito alto. Essa é a solução, o bom caminho, para segurar a epidemia sem ter de confinar o país".
O professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa "tem esperança" que os festejos "não venham estragar o bom trabalho que temos estado a fazer". "Estou convencido que não", disse.
Frisando que o país está a "avançar a bom ritmo na vacinação" e que é provável que em julho estejamos a atingir os 70% da população vacinada, o especialista salientou que "não temos propriamente que atingir imunidade de grupo para que a nossa vida volte ao normal".
"O que necessitamos é que a esmagadora maioria da população de risco esteja protegida pela vacinação", disse, sublinhando que "teremos um cenário muito parecido com o da gripe". "Provavelmente este vírus não vai poder ser eliminado, vamos ter que viver com ele, mas vamos proteger aqueles que são de maior risco".
"Prevejo que quando o verão estiver avançado possamos, calmamente, recomeçar a retomar a nossa vida, mantendo naturalmente as precauções", destacou o epidemiologista, avisando, contudo, que podemos ter "algumas surpresas" relativamente a novas variantes do vírus.
"Mas esse tipo de problemas conseguimos resolver", afirmou, referindo-se à possibilidade de uma terceira dose contra a Covid-19 e à adaptação que as farmacêuticas farão das vacinas às novas variantes.
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