Apenas 28% dos alunos carenciados do 3.º ciclo têm percursos de sucesso
O sucesso académico entre os alunos do 3.º ciclo aumentou para 47%, mas o contexto socioeconómico continua a ser determinante, já que entre os mais pobres apenas um em cada quatro alunos tem sucesso.
© Reuters
País Exames Secundário
Estas são algumas das análises feitas pela Lusa a dados solicitados ao Ministério da Educação, que este ano criou um novo parâmetro de avaliação para perceber o trabalho desenvolvido pelas escolas junto dos alunos com Apoio Social Escolar.
Apenas 28% dos alunos carenciados conseguiram fazer o 3.º ciclo e as provas nacionais do 9.º ano de Português e Matemática sem "chumbar", segundo o percurso de quase 35 mil alunos com dificuldades económicas que em 2016/2017 entraram para o 7.º ano.
Quando se observa para os percursos diretos de sucesso de todos os alunos do 3.º ciclo, independentemente da sua situação socioeconómica, a taxa de sucesso dispara, com quase metade dos alunos (47,2%) a conseguir fazer o percurso sem chumbar, segundo uma análise da situação de pouco mais de 95 mil alunos que entraram para o 7.º ano em 2016/2017.
Os dados permitem perceber também que tem havido uma evolução positiva dos percursos de sucesso, que passaram de 45% (em 2017-2018) para 47% em 2018-2019.
Neste parâmetro, a Escola Básica de Campo de Besteiros, em Tondela, destaca-se por ter conseguido que 78% dos seus alunos fizessem os três anos sem "chumbar" e com positiva nas duas provas finais e tivessem resultados muito acima dos conseguidos por outros alunos do país com desempenhos académicos semelhantes.
Isto porque, além de ficarem muito acima da média nacional, estão também acima dos resultados obtidos pelos estudantes de todo o país que, três anos antes, nas provas finais do 2.º ciclo, tinham demonstrado um nível escolar semelhante ao dos alunos do colégio: se em Tondela, 78% dos alunos teve sucesso, a percentagem de alunos com desempenhos académicos semelhantes que também teve sucesso desce para 40%.
Por outro lado, existem sete escolas no país onde nenhum aluno conseguiu fazer um percurso direto de sucesso. Num universo de mais de mil estabelecimentos de ensino, aparecem 31 onde são menos de 10% os estudantes que conseguiram fazer o 3.º ciclo e as provas sem chumbar.
Os números mostram que há escolas e concelhos com contextos socioeconómicos mais desfavorecidos do que outros, mas que conseguem melhores resultados.
Focando nos casos dos alunos com Apoio Social Escolar, a escola com melhores resultados nos percursos diretos de sucesso é a Secundária Rocha Peixoto, na Póvoa de Varzim, onde 75% dos alunos concluíram o 3.º ciclo sem "chumbos" nem negativas nas provas nacionais.
Já numa comparação com estudantes com desempenhos académicos semelhantes no momento em que entraram para o 7.º ano, destaca-se o Colégio Infante Santo, em Santarém, onde 71% dos alunos tiveram um percurso direto de sucesso, o que representa mais do dobro da média nacional, que ficou 37 pontos percentuais abaixo.
Os dados solicitados ao Ministério permitem também perceber que, no geral, as taxas de retenção e desistência continuam a diminuir, quando se compara os alunos que chumbavam em 2015/2016 e os que reprovaram em 2018/2019 (último ano com dados disponibilizados).
O ano mais problemático continua a ser o 7.º ano, onde 7% dos alunos "chumbaram" ou desistiram no ano letivo de 2018/2019. Já entre os estudantes dos 8.º e 9.º anos o insucesso atinge 5%.
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