No 23.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, em Coimbra, o vice-almirante Gouveia e Melo fez um balanço da vacinação contra a Covid-19 em Portugal vincando que "temos de manter o foco nas variáveis, [apesar] do um enorme ruído à nossa volta. Nós, os militares chamamos a isso o nevoeiro da guerra, mas se tivermos um foco conseguimos atingir os nossos objetivos".
Essas variáveis, elencou, são por exemplo "as vacinas que chegam ao pais" e os "comportamentos irracionais do ser humano", bem como a capacidade para vacinar pessoas, o sistema de agendamento para "que coloque as pessoas de forma ordeira e sem atropelos a serem vacinadas", até porque, salientou "este vírus também não gosta de ajuntamentos".
Todas estas variáveis, reconheceu, fazem "parte de todo esse combate, desta guerra que tinha três focos". O "primeiro foi salvar vidas, e já protegemos, neste momento, a faixa etária - dos 55 anos para cima - que contribuiu para mais de 98% das mortes e internamentos"; o segundo objetivo, "e este foi o foco inicial, e que se mantém embora de forma menos urgente, salvar a tropa que vai combater - o sistema nacional de saúde, todos os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, todos os que necessitamos para estarem na linha da frente - bem haja a todos vós"; e, o terceiro [foco] "libertar a economia, a nossa população deste vírus" Este é, aliás, vincou Gouveia e Melo, "o marco em que estamos neste momento".
O objetivo da task force é agora "vacinar o mais rapidamente possível toda a população" e "este mês vamos ter, em média, 100 mil pessoas a serem vacinadas por dia", disse o vice-almirante, indicando ainda que "a previsão é que no início de agosto tenhamos 70% da população vacinada, e que no fim de agosto estejamos [já] a vacinar pessoas de 20 anos".
Reconhecendo que este "não é um processo isento de problemas", Gouveia e Melo vincou, ainda assim, que "estamos a conseguir vencer" e a conjugar esforços para que o foco se mantenha porque, reiterou, "sem foco não há progresso".
Enquanto houver um sítio no mundo onde o processo não esteja completo, esse sítio será uma incubadora para que esse vírus nos volte a atacar (Gouveia e Melo)
A terminar a sua intervenção, Gouveia e Melo lembrou que "no fim de tudo nenhum ser humano vive isolado, somos uma comunidade, e ninguém se salva sozinho, não somos uma ilha, somos um grande continente". Portanto devemos tirar [desta pandemia] uma lição, que o azar ou a sorte nos deu, nós somos uma comunidade e só assim conseguimos reagir".
O 23.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos (OM) arrancou no passado dia 31 de maio, em Coimbra, com a pandemia de Covid-19 a marcar os três dias de um encontro que pretende ser um "contributo para o país e para sociedade". Por lá passaram também o presidente da Aliança Global para as Vacinas, Durão Barroso, e a diretora do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças, Andrea Ammon.
[Notícia atualizada às 12h35]
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