Em relatório que produziram sobre as águas subterrâneas de São Pedro da Cova, num raio de 1,5 quilómetros em torno do local onde foram depositados os resíduos perigosos, os peritos de engenharia concluíram que as "concentrações medidas não têm um impacte inaceitável sobre a saúde das populações".
Hoje, perante o tribunal e na sequência de questões do Ministério Público e dos assistentes do processo, os peritos admitiram que "seria útil" ouvir o Centro de Saúde sobre possíveis doenças provocadas por contaminantes dos resíduos perigosos a partir de 2002.
O tribunal espera conhecer a resposta até 06 de julho, altura da próxima sessão de um julgamento que a própria juiz presidente lamentou estar a arrastar-se.
"Estaremos daqui a um ano a fazer o que quer que seja", ironizou a magistrada judicial.
Milhares toneladas de resíduos industriais perigosos, provenientes da Siderurgia da Maia, foram depositadas nas escombreiras das antigas minas de carvão de São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, distrito do Porto, ao longo dos anos de 2001 e 2002.
O caso levou a julgamento três gestores de uma sociedade à qual cabia dar destino aos resíduos e outros três responsáveis de sociedades que tinham a disponibilidade das escombreiras, mas todos acabaram absolvidos em acórdão proferido pelo Tribunal de São João Novo em abril de 2019.
Nove meses após, o Tribunal da Relação do Porto anulou o acórdão e determinou a reabertura do julgamento para esclarecimentos adicionais dos peritos.
Face à exigência, o Tribunal de São João Novo determinou então a análise às águas subterrâneas de São Pedro da Cova, no relatório hoje analisado em audiência.
O último cálculo feito sobre os resíduos industriais perigosos em São Pedro da Cova apontava para a existência de ainda 137 mil toneladas no local, isto depois de no passado já terem sido retiradas 105.600 toneladas.
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