Em declarações aos jornalistas esta quarta-feira, quando questionada sobre os 24 casos da variante Delta Plus (uma mutação da estirpe inicialmente identificada na Índia), a ministra da Saúde confirmou existirem infeções "de uma das linhagens da variante Delta" em Portugal.
Interrogada sobre o que é que significa, em termos práticos, a confirmação da nova linhagem, a ministra respondeu que o esforço é "contínuo". "Sabemos desde há muito tempo que, enquanto não tivermos conseguido superar esta pandemia de uma forma total, estaremos expostos às mutações e às novas variantes".
"E portanto, temos de manter sempre a mesma prudência de manutenção de medidas não farmacológicas de proteção individual, porque isso é a melhor forma de nos protegermos neste contexto de extraordinária incerteza", acrescentou.
Marta Temido realçou também que "não vale a pena dizer que sabemos tudo, porque não sabemos". "Não vale a pena prometer aquilo que não podemos prometer, porque isso não é honesto", acrescentou.
A governante destacou a importância de estarmos "atentos" e de mantermos "as medidas". "Obviamente a vacinação e a testagem são as duas grandes armas que não dispúnhamos há um ano e que hoje nos podem ajudar nessa luta", declarou a ministra, deixando um apelo: "Vacinar, vacinar, vacinar e, por favor, utilizar todas as oportunidades de teste que temos".
A informação de foram já detetados em Portugal 24 casos de infeção pela variante Delta Plus foi adiantada pelo INSA à Renascença. O INSA acrescentou ainda que esta mutação representa somente 2,5% do total de casos de infeção pela variante Delta, que já é dominante na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde constitui cerca de 70% do total de casos de infeção detetados.
Em Portugal, morreram 17.074 pessoas e foram confirmados 866.826 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Sobre as declarações de Angela Merkel, sobre a realização da final da Liga dos Campeões em Portugal, Marta Temido disse que os controlos dos movimentos de circulação das populações são "um dos desafios que enfrentamos", frisando que estamos numa fase do combate à pandemia em que "cada vez mais há uma apetência por retomar a vida normal".
"Sabemos que as mutações e as variantes não ficam reservadas a um determinado território", afirmou, lembrando as várias fases da pandemia. A limitação de circulação é uma medida para "ganhar algum tempo" para poder reagir melhor e Portugal está, neste momento, a "ganhar algum tempo através de medidas não farmacológicas para poder vacinar mais". A ministra admitiu ainda que se soubéssemos tudo o que sabemos hoje, provavelmente, poderíamos ter atuado em determinados momentos de outra maneira. "Mas não é possível reescrever a história", notou.
Ministra não pode garantir que país não volta a confinar
Sobre a possibilidade de recuo no desconfinamento, Marta Temido lembrou que estamos a lidar com um fenómeno que se reveste ainda de muitas incertezas.
"Portanto, não é possível garantir que o futuro seja desta ou daquela maneira. Podemos garantir é que tudo faremos para que isso não seja necessário", declarou. No entanto, "conhecemos a realidade dos números que estão a aumentar e ainda não estamos num momento em que os estejamos a ver a decrescer".
Questionada sobre se a infeção em pessoas vacinadas pode afetar a adesão dos portugueses à vacinação, a ministra respondeu: "Penso que não. Espero que não". E lembrou que as "vacinas são efetivas e seguras", mas "não são milagres". "As vacinas são uma tecnologia, um medicamento, e têm o potencial de ter uma efetividade de 70, 80 ou mesmo 90%. Isso significa que a possibilidade de uma pessoa vacinada contrair a doença é reduzida em termos de probabilidade. Há sempre uma margem de risco, as vacinas não evitam completamente [a doença]".
Neste contexto, Marta Temido sublinhou também os dias que as vacinas demoram até imunizarem as pessoas depois de serem inoculadas, assim como a importância da segunda dose. "Sabemos que provavelmente haverá a necessidade de fazer reforços de vacinação e ainda desconhecemos muito sobre a necessidade desses reforços. Estamos a adquirir vacinas para 2022 que permitirão esses reforços", indicou. "Esta é uma doença nova, um vírus novo, por isso é que é necessário ter prudência na forma como lidamos com ele", reafirmou.
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