"Acho que não deve passar desta semana", indicou Rui Rio, em declarações, no Porto, à margem do Ciclo de Conferências da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) "MPE XXI - Qual o Futuro?".
António Oliveira anunciou, a 18 de junho, ter desistido "por uma questão de higiene" da corrida às eleições autárquicas marcadas para 26 de setembro, recusando pôr os "interesses de uns personagens" à frente dos interesses da população, revela uma carta aberta.
"Hoje, com vergonha do que vi, com uma imensa dor de alma pelo que senti, tenho que dizer que: não quero, não posso e não aceito continuar a encabeçar esta candidatura. Isto não é uma desistência. Isto é uma questão de higiene. Uma recusa de pôr os interesses de uns personagens à frente dos interesses dos 300.000 gaienses e pessoas que escolheram este grande concelho para fazer a sua vida", justificava, à data, numa carta aberta a que a Lusa teve acesso.
Na missiva, o ex-selecionador nacional de futebol tece duras críticas à concelhia liderada por Cancela Moura, assumindo que nunca pensou que a política e os partidos, "quando se deixam apropriar por alguns, ainda que localmente, pudessem descer a um nível tão baixo e tão miserável".
Três dias depois, numa conferência de imprensa para reagir à decisão de António Oliveira, o presidente do PSD/Porto disse que a escolha de António Oliveira para encabeçar a candidatura à Câmara de Gaia foi "um erro de 'casting'", pelo que encara a desistência deste com "algum alívio".
"Esta escolha acabou por ser um erro de 'casting'. O PSD provou que está absolutamente aberto a envolver na política, em prol do bem comum, pessoas de fora do partido, pessoas da sociedade civil, pessoas que, não tendo uma militância partidária ativa, possam contribuir para o que as estruturas possam dar. Mas efetivamente concluímos com este percurso de três meses que foi um erro", afirmou Alberto Machado.
Presente na mesma conferência de imprensa, o presidente do PSD de Vila Nova de Gaia acusou o ex-selecionador nacional de "falta de caráter", admitindo que esta situação "tem consequências para o PSD".
"O putativo ex-candidato foi vítima da sua própria narrativa. Ainda na sexta-feira passada, de forma premeditada, ao mesmo tempo que prometia pessoalmente a Rui Rio ponderar as condições para continuar como candidato, promovia sem aviso prévio a divulgação de uma carta aberta, à comunicação social, para dar o dito pelo não dito. Uma absoluta falta de caráter. Um lamentável ato de hipocrisia", disse Cancela Moura.
António Oliveira encabeçava a candidatura da coligação PSD/CDS-PP/PPM a Vila Nova de Gaia.
O nome do ex-selecionador nacional foi aprovado na reunião da Comissão Política Distrital Alargada do PSD, que decorreu em 22 de março em Seroa, em Paços de Ferreira, e anunciado publicamente no dia seguinte pelo presidente do PSD, Rui Rio.
Aquando do anúncio, Rui Rio disse que António Oliveira tinha o "perfil adequado" para liderar a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
"Tem experiência para lidar com pessoas e gerir pessoas e está ligado à área empresarial, tem o perfil adequado para pegar na Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e fazer um excelente trabalho. Não tenho dúvidas nenhumas", afirmou Rio, em conferência de imprensa, no Porto, em 23 de março, onde divulgou mais 50 nomes de candidatos às autárquicas homologados pela direção nacional.
Até agora foram oficializadas à Câmara de Vila Nova de Gaia as candidaturas da deputada à Assembleia da República Diana Ferreira (CDU), do engenheiro civil Renato Soeiro (BE) e a do gestor Alcides Couto (Chega).
A Câmara de Vila Nova de Gaia é atualmente liderada pelo PS, que conquistou, nas autárquicas de 2017, nove mandatos, sendo oposição no executivo o PSD com dois eleitos.
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