O Presidente da República perspetivou que a reunião do Grupo de Arraiolos, que se realiza amanhã em Roma, "será muito importante" e um momento "único" para discutir diversos temas.
"Primeiro, pelo número de presidentes - 15. Segundo, porque estamos em cima de eleições europeias, que são fundamentais para o futuro imediato da Europa (o caso da Alemanha este mês, da França proximamente, de Itália também em janeiro do próximo ano)", argumentou o chefe de Estado português, em declarações à SIC Notícias.
Paralelamente, o encontro de chefes de Estado da UE reveste-se de uma importância especial por outras razões: "Estamos a seguir o que se passou no Afeganistão. Estamos na transição da pandemia para a endemia; estamos no começo da aplicação dos PRR; estamos em vésperas da Assembleia geral das Nações Unidas, com a nova administração americana", elencou Marcelo.
Perante este contexto, a reunião vai ser, na ótica do Presidente, "um momento único" para ver qual vai ser a evolução da pandemia e da recuperação económica europeia, assim como para perspetivar a estabilidade política da Europa e discutir o ponto de situação sobre "o relacionamento com os chamados populismos".
Além disso, esta "é uma reunião que tem para nós, portugueses, um significado especial porque homenageará certamente o presidente Jorge Sampaio, que foi quem criou este grupo em 2003", frisou Marcelo, prometendo tudo fazer para que, em 2023, "possamos ter os 20 anos de Arraiolos em Portugal".
Sobre a pandemia, o Presidente considerou existir uma evolução favorável na Europa, ainda que haja um outro país onde houve um ligeiro agravamento nas últimas semanas. Marcelo observou ainda que a evolução é igualmente favorável na economia e no turismo.
"Naturalmente que há problemas preocupantes, um deles é saber qual é a estratégia da Europa no mundo, que lições que se retiram do Afeganistão; que lições para o relacionamento UE/Nato", sublinhou ainda Marcelo.
Realiza-se em Roma este ano a 16.ª reunião do Grupo de Arraiolos, que junta anualmente presidentes não executivos de 15 Estados-membros da UE, uma iniciativa lançada por Jorge Sampaio, que morreu na passada sexta-feira.
Em 2003, o então chefe de Estado português, Jorge Sampaio, promoveu um encontro na vila alentejana de Arraiolos para discutir o futuro da União Europeia com um conjunto de Presidentes da República com poderes semelhantes aos seus e, desde essa altura, o encontro tem sido anual.
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, no distrito de Lisboa, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
Em 2018, quando o Grupo de Arraiolos se reuniu em Riga, na Letónia, o agora chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que Lisboa iria acolher a reunião de 2020.
Estava então previsto que, entre 8 e 9 de outubro de 2020, Portugal acolhesse esta 16.ª reunião do Grupo de Arraiolos, mas isso acabou por não acontecer devido à pandemia de covid-19.
No encontro de 2019, em Atenas, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que na reunião de Lisboa se iria "fazer o balanço e ver o que grupo que reúne todos os anos deve mudar" e analisar se "deve alargar-se e se deve ter ligação com outras realidades, mesmo não europeias".
"O mundo e a Europa mudaram tanto que temos de repensar o Grupo de Arraiolos", considerou o Presidente da República na altura.
A reunião deste ano, organizada pela Presidência italiana, decorre Palácio do Quirinal, local da residência oficial do chefe de Estado italiano.
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