"Pretendemos reforçar a importância na atividade física junto das crianças e pais. Encontra-se em fase de lançamento um projeto direcionado a este segmento da população que, para além da melhoria dos níveis de literacia motora, implica também a diminuição dos níveis de obesidade nesta faixa etária", adiantou o secretário regional da Saúde e Desporto dos Açores, Clélio Meneses, numa resposta por escrito enviada à Lusa, no dia em que o executivo apresentou o programa regional de desporto para todos "Açores Ativos", em Ponta Delgada.
De acordo com o COSI Portugal 2019, o sistema de vigilância nutricional das crianças em idade escolar (dos seis aos oito anos), coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, os Açores eram a região com maior prevalência de excesso de peso infantil, com uma em cada três crianças com peso a mais.
Entre 2008 e 2019, os Açores foram a região que registou a maior redução da prevalência de excesso de peso infantil em Portugal, passando de 46% para 35,9%, mas mantiveram a taxa mais elevada do país.
Questionado sobre estes dados, o secretário regional da Saúde dos Açores disse que "a atividade física é um fator chave do gasto de energia e, portanto, fundamental para alcançar o equilíbrio energético e o controlo de peso, sobretudo nas crianças e jovens".
Clélio Meneses acrescentou que, "de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a inatividade física é o quarto principal fator de risco de morte no mundo".
Para além do projeto que está a ser desenvolvido para incrementar a atividade física entre os mais novos, o executivo açoriano pretende realizar "um estudo sobre os níveis de condição física-motora e respetivos motivos de natureza sociológica para a prática de atividade física (ou a falta dela) no período pós-pandémico".
O programa regional de desporto para todos "Açores Ativos", apresentado hoje, visa também incentivar a prática regular de atividade física, tendo em vista "a prevenção e controlo de doenças não transmissíveis como a diabetes, doenças cardíacas e várias tipologias de cancro", "a manutenção e controlo do peso corporal saudável" e a "melhoria da saúde mental e da qualidade de vida e bem-estar".
"O nosso trabalho prossegue no sentido de ver os Açores como uma das regiões mais ativas da Europa e, por isso, entendemos criar as condições para que todos tenham a oportunidade de aumentar e manter a prática da atividade física, sendo importante realçar que não é apenas hoje, este mês, este ano; é, sim, algo que dever ser interiorizado, frequente e ao longo da vida", salientou Clélio Meneses.
O programa apoia candidaturas em projetos de "promoção da atividade física e de estilos de vida saudáveis, incluindo mobilidade ativa, atividade física no local de trabalho e eventos desportivos".
São ainda apoiadas iniciativas de "atividade física para melhoria da saúde e da qualidade de vida; valorização da dimensão social do desporto, incluindo igualdade de oportunidades, igualdade de género, inclusão social, coesão social e cidadania ativa; desenvolvimento sustentável; e natureza e mar".
"Pretende-se que os projetos a implementar possam ter impacto nas comunidades onde serão realizados e tenham como missão a resolução de problemas próprios de cada contexto. Neste momento encontramo-nos ainda a tentar recuperar do impacto de uma pandemia que que continua a afetar a sociedade em geral e o setor do desporto em particular", apontou o governante.
As candidaturas de acesso ao programa estarão disponíveis de 15 de outubro a 15 de novembro e "podem assumir a forma de comparticipação financeira e/ou de utilização gratuita de instalações desportivas", mas o executivo açoriano não tem ainda uma dotação orçamental.
"O valor da comparticipação financeira a conceder em cada ano está condicionado à disponibilidade orçamental existente no Plano Anual Regional para a área do desporto e será processada nas condições a definir no contrato-programa de desenvolvimento desportivo", avançou o secretário regional.