"Espero que no concelho de Vouzela, e nestes oito quilómetros, não aconteça o que aconteceu em Borba, com aquela derrocada e com aquelas mortes [cinco, em novembro de 2018]. E porquê? Porque não havia segurança e não estava acautelada a segurança pública e essa é a minha preocupação", disse Rui Ladeira.
Uma obra que, segundo contou à agência Lusa, "é para em dois anos executar 10 milhões de euros de investimento e o primeiro procedimento concursal é uma base de concurso de seis milhões de euros".
"E o que reivindicamos é que rapidamente, já é tardio, mas que rapidamente o Governo autorize esta despesa para que esta obra avance de imediato, porque está em causa a segurança de pessoas e bens que circulam com muito fluxo naquela estrada", exigiu.
Sobre a reprovação do Orçamento do Estado, o autarca disse que "isso não é argumento, porque o problema do orçamento ou de continuar ou não o Governo em funções é uma questão desta semana, ou dos últimos dias" e esta obra é "algo que já devia ter sido autorizado em junho, ou julho".
"Estamos a falar desta perda de tempo e não ação destes quatro meses e é isso que me preocupa. Aquilo que é prioridade, e mesmo que não haja orçamento, há capacidade de autorização desta despesa que é fundamental para que o concurso seja lançado", defendeu.
Rui Ladeira afirmou que "o município vai continuar a alertar para o problema e se nada for feito e acontecer alguma coisa imputará responsabilidades a quem está na gestão e na não ação daquilo que é essencial, porque tem de haver responsabilização".
À agência Lusa, o presidente social-democrata da Câmara de Vouzela, desde 2013, fez um cronograma dos oito quilómetros da EN 228, que ligam a zona de Fataúnços à zona industrial de Queirã, situada perto da A25, que tem "crianças a circular diariamente" e "está há muitos anos identificada e, sobretudo, depois dos incêndios de 2017".
"Com a destruição da manta morta e, como aquela estrada é de uma vertente muito inclinada, construída numa zona de serra muito sensível, o desprendimento a montante dos blocos graníticos e afloramentos rochosos faz com que haja um risco sobre-elevado e muito significativo para a estrada, para a rede viária", explicou.
O autarca contou que, em 2019, reuniu com o secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, para explicar o estado da estrada e, 15 dias depois, aconteceram as intempéries como a tempestade Fabien, em dezembro, que provocou "uma desagregação".
Depois disto, o secretário de Estado visitou o local e "aquela estrada esteve encerrada 356 dias para reparar um dos pontos críticos", recordou o autarca, que apontou um total de 21 locais identificados.
O presidente disse que os técnicos "identificam 21 locais" a necessitar de intervenção e se, "em 356 dias repararam um local, neste momento há 20 identificados" ainda por reparar e "tudo isto está substanciado com correspondência escrita".
O autarca disse que, "em março, abril, depois de ter o relatório e o projeto identificado e pronto das Infraestruturas de Portugal (IP)", voltou a reunir com o governante que lhe disse que "isso é prioritário".
"O que é que está aqui a faltar? É que não houve autorização da parte das Finanças, do Orçamento do Estado do Governo, para dar esse passo e lançar o concurso e esse é que é o problema e este cronograma que devia ter sido concretizado, devia ter iniciado o procedimento concursal no verão deste ano, de 2021, e não avançou", acusou.
Se se não avançou, continuou o presidente, quer dizer que, entre concurso e Tribunal de Contas, a obra "começaria, o mais tardar, na primavera do próximo ano", mas como "à data de hoje ainda não foi lançado o concurso, quer dizer que nem no verão" do próximo ano haverá obra que poderá demorar dois anos.
"Já temos o risco este ano, mas se nada for feito, no inverno do próximo ano continua a estar em risco e isto pode correr mesmo mal", lamentou o autarca, que disse que "é preciso que haja autorização do senhor ministro das Finanças ou do secretário de Estado do Orçamento, que é o que não está a acontecer", apontou.
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