A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou esta terça-feira que decidiu suspender a greve de professores e educadores que tinha sido convocada para dia 5 de novembro, em convergência com outras sete organizações sindicais.
Num comunicado enviado às redações, o sindicato liderado por Mário Nogueira explica que a decisão se prende com o contexto político atual, originado pelo chumbo do Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano.
"Com o chumbo do OE na generalidade já não haverá debate na especialidade; teremos, dentro de dias, a dissolução da Assembleia da República; o atual governo não será responsável por qualquer nova proposta de OE para 2022; em janeiro, teremos eleições de onde sairá uma nova composição da Assembleia da República, um novo governo e, da parte deste, uma nova proposta de OE para 2022", fundamenta o sindicato, deixando, contudo, um aviso.
"Face a este contexto, porque a greve de dia 5 estava intimamente ligada ao OE e à ida do ministro ao Parlamento, a Fenprof decide suspender a greve de dia 5, mas, repito, suspender e não anular, deixando-a em carteira para momento em futuro próximo", sublinha, remetendo esta greve para o momento em que o próximo Governo apresentar uma "proposta de OE semelhante à que agora foi chumbada", no dia em que o futuro ministro da Educação se deslocar à comissão parlamentar de Educação para audição sobre a mesma.
Diferente entendimento tem a Fenprof sobre a greve da administração pública marcada pela Frente Comum para 12 de novembro.
Esta "não era uma greve associada à deslocação de qualquer ministro ao parlamento, destinando-se a passar ao Governo e ao país que os trabalhadores da administração pública não se conformam com a desvalorização a que têm sido alvo nem com a degradação dos serviços públicos que não foi iniciada pelo atual Governo, mas prosseguida por ele", disse Mário Nogueira, em conferência de imprensa realizada hoje à tarde, após reunião do secretariado da Fenprof que decorreu da parte da manhã.
FNE e SIPE desconvocam greves
Já a Federação Nacional de Educação (FNE) desconvocou a greve que tinha marcado para 5 - como também o fez o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) - , mas também a do dia 12 de novembro, por considerar que o 'chumbo' do Orçamento do Estado para 2022 no parlamento fez cair a possibilidade de negociações com o Governo.
Reconhecendo que a possibilidade de dissolução da Assembleia da República retira margem para a reivindicação, articulada com a FESAP, os sindicatos da FNE prometeram retomar a luta noutro momento.
"A alteração do quadro político levou a esta decisão, mas os problemas mantêm-se e o compromisso da FNE com a luta por medidas urgentes que tornem a carreira atrativa e valorizada, pelo combate ao envelhecimento e promoção do rejuvenescimento de educadores e professores, tal como o desafio da plena dotação das escolas com funcionários não docentes, dos diplomas de concursos, do crescimento do investimento em Educação, assim como pela recuperação do tempo de serviço dos docentes, não vai parar", avisou a estrutura sindical, em comunicado.
A FNE aguarda por "uma melhor oportunidade política" para retomar o diálogo em torno destes temas e para "uma verdadeira negociação" sobre os "graves problemas" dos trabalhadores da Educação.
"A seu tempo, a FNE anunciará um conjunto de iniciativas de protesto e luta no sentido do reconhecimento dos profissionais da Educação e da determinação de condições que promovam a qualidade das ofertas educativas", avançou a federação.
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