No final da cerimónia de entrega da 1.ª edição do Prémio Maria de Sousa, em Lisboa, os jornalistas tentaram questionar António Costa sobre o número crescente de casos em Portugal e eventuais decisões do Governo.
"Amanhã é dia de falar, hoje ainda é dia de ouvir", disse apenas o primeiro-ministro, que receberá durante a tarde PSD e PS em São Bento, depois de na terça-feira ter ouvido os restantes partidos, antes do Conselho de Ministros de quinta-feira.
Na sua intervenção na entrega do prémio a cinco jovens investigadores, Costa salientou que, nos últimos dois anos, a sociedade portuguesa e mundial tem compreendido "da forma mais traumática possível a importância da ciência", devido à pandemia de covid-19.
"Quando comparamos o que acontece nos países com maior taxa de vacinação com o que acontece nos países com menor taxa de vacinação, não temos a menor dúvida da gratidão que devemos a quem, em tão pouco tempo, foi capaz de encontrar a vacina", destacou.
O primeiro-ministro considerou que, "de toda esta situação traumática", "o maior ganho civilizacional que vai ficar será a compreensão do cidadão comum pela importância do investimento em ciência e produção de conhecimento".
"Se é fácil... Bom, nenhum primeiro-ministro dirá que é fácil e todos os cidadãos sabem que não é fácil. Agora, é precisamente esse esforço que transformou a ciência em algo que todos perceberam que é fundamental", defendeu.
Na sua intervenção, no encerramento da cerimónia, Costa manifestou ainda gratidão aos profissionais de saúde que "têm sido capazes de se adaptar e encontrar novas terapias, novas formas de abordar uma doença até então desconhecida"
"De repetente, temos vivido todos num enorme laboratório onde, ao vivo, vamos assistindo e também nós experienciando o que é o esforço da ciência para descobrir o que falta descobrir", afirmou, dizendo que todos se tiveram de habituar a aceitar que "o inesperado e a incerteza" fazem agora parte do dia a dia.
O primeiro-ministro destacou a importância da ciência para filtrar "o que é certo do que é errado, o que é verdade do que é falso", permitindo ao cidadão comum perceber "qual o caminho a seguir dentro da torrente de informação".
"A cultura de ciência de uma sociedade é absolutamente fundamental para o futuro dessa sociedade", defendeu, considerando que não se colocarão mais dúvidas sobre se é mais importante investir em investigação fundamental ou aplicada.
O prémio distinguiu cinco jovens investigadores portugueses, com um valor de 25.000 para casa um, e é promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação Bial, numa homenagem à imunologista Maria de Sousa, que morreu no ano passado vítima de covid-19.
António Costa recordou Maria de Sousa não só como "grande investigadora", mas também como "grande promotora de ciência e com uma enorme preocupação de cidadania".
"Tive curiosidade de revisitar na minha caixa de correio diversos mails em que, numa fase quase semanalmente, me enviava alertando para múltiplos problemas que era preciso resolver", lembrou, destacando que o seu compromisso era "não só com a ciência, mas com a sociedade no seu conjunto".
Na cerimónia, que decorreu no teatro Thalia, em Lisboa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu que a saúde e a ciência "são ativos estratégicos da marca Portugal no mundo", anunciando que este prémio terá continuidade no futuro.
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