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Cabrita demonstrou "incapacidade" de resolver problemas das polícias

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) defendeu hoje que a demissão do ministro da Administração Interna responde a um calendário eleitoral e que sai do Governo alguém que demonstrou "incapacidade" de resolver "problemas concretos" das polícias.

Cabrita demonstrou "incapacidade" de resolver problemas das polícias
Notícias ao Minuto

20:59 - 03/12/21 por Lusa

País ASPP

Em declarações à Lusa, a propósito da demissão do ministro Eduardo Cabrita, hoje anunciada pelo próprio numa declaração aos jornalistas em Lisboa, o presidente da ASPP, Paulo Santos, disse que a reação da associação sindical não se centra "apenas na figura" do ministro demissionário, "mas, sim, numa avaliação política que se faz durante estes anos daquilo que foi a política do próprio ministro".

"Aquilo que dizemos é que o senhor ministro Eduardo Cabrita durante algum tempo esteve envolvido em muitas polémicas, criou uma imagem negativa junto dos polícias, da população em geral, mas mais importante do que isso foi a incapacidade que teve de resolver os problemas concretos dos polícias e da PSP. Desse ponto de vista, mais importante que a pessoa que veste o casaco de ministro é aquilo que são as políticas dos sucessivos governos para a área da segurança pública e para a resolução concreta dos problemas dos polícias", disse Paulo Santos.

Do próximo ministro e do próximo Governo a ASPP espera "capacidade política para resolver problemas concretos das polícias", como as tabelas remuneratórias, o subsídio de risco -- aprovado com valores que desagradaram aos profissionais -- entre outras matérias em aberto.

Paulo Santos disse que o pedido de exoneração do cargo, já aceite pelo primeiro-ministro, António Costa, "não é nada que admire" a ASPP, "tendo em conta a imagem que o mesmo transmitia cá para fora e pelos episódios em que esteve envolvido" e enquadra a demissão no calendário eleitoral que se avizinha.

Já o Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP), em reação escrita enviada à Lusa, recorda que "há muito" tinha pedido a demissão do ministro "por nada resolver no que diz respeito à PSP".

"A política desenvolvida foi deixando arrastar os problemas que afetam os policias sem soluções. [...] nada fez para que as agressões aos policias cessem, continuam a aumentar dia após dia e sem fim à vista; os suicídios infelizmente continuam; não conseguiu cativar jovens para ingressar na instituição, vagas dos concursos nunca são preenchidas; conseguiu impor um valor ridículo como compensação do risco", defendeu o presidente do SPP, Mário Andrade.

Acrescenta ainda que Eduardo Cabrita "iniciou muitas negociações, mas não terminou um processo negocial", dando o exemplo da revisão de subsídios e suplementos na PSP.

Eduardo Cabrita demitiu-se hoje do cargo de ministro da Administração Interna, seis meses depois do acidente mortal provocado pelo carro em que seguia, terminando um mandato marcado por várias polémicas que desgastaram a sua imagem.

O motorista de Eduardo Cabrita foi hoje acusado de um crime de homicídio por negligência no acidente de 18 de junho de 2021 em que foi atropelado na autoestrada A6 um trabalhador que fazia a manutenção da via na zona de Évora. A acusação pelo Ministério Público (MP) precipitou a demissão de Eduardo Cabrita, que já era pedida regularmente por várias forças políticas.

Após mais de cinco meses de silêncio quase total sobre o caso, Eduardo Cabrita deixou passar apenas algumas horas sobre a acusação do MP até à decisão de apresentar a demissão do cargo, hoje anunciada ao final da tarde numa declaração aos jornalistas sem lugar a perguntas.

António Costa disse hoje ter aceitado o pedido de demissão de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna e que "nos próximos dias" indicará o nome do sucessor.

Leia Também: Ministro demitiu-se. Eis os casos polémicos de Eduardo Cabrita

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