Cerca de 24h após serem anunciadas as medidas de coação para o antigo ministro da Economia, Manuel Pinho, o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, reitera que esta foi uma decisão tomada “ao sabor do vento”.
"É um vento muito perigoso porque põe à frente da justiça sentimentos que devem estar afastados do quadro da justiça", sublinha Sá Fernandes mantendo as críticas à decisão do juiz Carlos Alexandre.
O advogado de Manuel Pinho reforça, em declarações à SIC Notícias, as críticas lançadas esta quarta-feira à noite à saída do tribunal e também na CNN Portugal.
Relativamente à explicação do dinheiro que recebeu durante a altura em que foi ministro da economia, o advogado afirma que o seu constituinte dará essa explicação após a acusação.
"Essa explicação é devida ao país e é devida ao processo e Manuel Pinho tem o direito de escolher o momento para o fazer e ele, desde que isto aconteceu, só quer dar [essa explicação] depois da acusação", esclarece Sá Fernandes.
"Não discutimos que existam indícios que justificam a investigação, não é isso que está em causa, o que está em causa é a imposição de prisão preventiva com uma caução de seis milhões de euros com base numa alegação de perigo de fuga que, pura e simplesmente, não existe", insiste.
Ricardo Sá Fernandes questiona ainda o porquê de o MP, ao fim de 10 anos, ainda não ter acusado Manuel Pinho.
"O MP que acuse, despachem-se, porque é que ainda não o acusaram?", questiona.
Recorde-se que o juiz Carlos Alexandre determinou esta quarta-feira prisão domiciliária para Manuel Pinho com uma caução de seis milhões de euros e ainda a caução de um milhão de euros e retirada do passaporte para a mulher do antigo ministro. O advogado afirmava ontem que iria recorrer da decisão uma vez que este processo tem já 10 anos e nunca o seu constituinte falhou com o que lhe era pedido.
O ex-governante foi detido esta terça-feira quando compareceu no tribunal, no âmbito do caso EDP. Uma decisão que o advogado, Ricardo Sá Fernandes, considerou ser um caso de "abuso de poder" e de atropelo dos direitos humanos.
Manuel Pinho foi constituído arguido no âmbito do caso EDP no verão de 2017, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo.
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