"É a entrada em endemia". Deixar vírus disseminar-se "faz muito sentido"
Pedro Simas refere que variante Ómicron é "menos virulenta" e "mais contagiosa". "Inquestionavelmente, vai conquistar o mundo inteiro e vai fazer com que a Delta desapareça", sublinha o virologista.
© Global Imagens
País Pedro Simas
O virologista Pedro Simas esteve, na manhã desta quarta-feira, na CNN Portugal onde começou por referir que "faz muito sentido" o que colegas seus já afirmaram: a infeção natural pode ser um caminho a seguir se a variante Ómicron se comprovar menos grave.
"De facto, isto é um processo natural, um processo de evolução das variantes. Estas têm tendência a ser menos virulentas, mais contagiosas. Foi assim que aconteceu com os outros coronavírus", apontou o especialista.
Esta variante Ómicron "confirma-se que é menos virulenta e confirma-se que é mais contagiosa. Inquestionavelmente, vai conquistar o mundo inteiro e vai fazer com que a Delta desapareça, que é mais virulenta".
Isso, "para um país como Portugal, são muito boas notícias", defendeu Pedro Simas, uma vez que, como é mais eficaz a transferir-se, "vai conferir uma imunidade às pessoas muito boa".
E vai mais longe: "Esta é a entrada inequívoca em endemia. Só se entra em endemia verdadeira quando, num país, a maior parte das pessoas já teve a infeção e o vírus circula livremente. Isto é normal, o que não é normal são as filas de testes".
Recorde-se que, esta terça-feira, Manuel Carmo Gomes admitiu que Portugal pode ter de mudar de atitude na contenção da Covid-19 devido à elevada transmissibilidade da variante Ómicron, se se comprovar que provoca menos doença grave do que as variantes anteriores.
"Se realmente é muito menos grave do que a Delta em populações muito vacinadas, como é a nossa, talvez faça mais sentido deixar que as pessoas se imunizem naturalmente. Nunca advoguei teorias de imunidade de grupo por infeção natural, mas estamos numa situação completamente diferente, com a população praticamente toda vacinada e uma variante que, para já, não parece ser muito preocupante em hospitalizações", afirmou em declarações à Lusa.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.909 pessoas e foram contabilizados 1.303.291 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde. Também ontem verificou-se um recorde diário de infeções: 17.172.
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