Decorre esta terça-feira o julgamento de Nordahl Lelandais, o homem que admitiu em tribunal ter assassinado Maëlys de Araújo, lusodescendente de oito anos, durante uma festa de casamento no sudeste de França, em 2017. O noivo testemunhou hoje expondo a "raiva" que sente por ter "trazido o lobo" para o "próprio casamento".
"Tenho raiva deste indivíduo que não reconheço", testemunhou o soldado de 40 anos, que conhecia o Lelandais há vinte anos, segundo avança o jornal L'Avenir. Segundo o jornal, há cerca de cinco anos, em agosto de 2017, que o noivo tinha perdido de vista o arguido.
O noivo explica que Nordahl Lelandais o tinha contactado dias antes do seu casamento para o felicitar e que “naturalmente” acabou por o convidar para o cocktail, “como poderia ter convidado outros amigos perdidos”.
"Tinha uma certa confiança nele, os meus amigos, a minha família. Tenho uma raiva em mim que tento controlar e que tento não demonstrar", continuou acusando o outrora amigo de covardia.
O casamento rapidamente se tornou num pesadelo, relata, no qual demorou a acreditar. "Eu não estava a acreditar nisto [no desaparecimento de Maëlys] por um quarto de hora a 20 minutos. Então começámos a entrar em pânico", descreve.
O comportamento do amigo deu-lhe alguns "sinais de alerta" como o facto de não ter voltado à cerimónia após o jantar nem ter atendido o telefone quando foi contactado na altura do desaparecimento.
O facto de ter abandonado o local, "com indiferença", antes da chegada das autoridades, sem se oferecer para participar nas busca, também levantou suspeitas.
"Não conseguia acreditar", relata o noivo, indicando que as suas suspeitas se confirmaram quando lhe foi relatado que Nordahl Lelandais tinha sido visto a limpar o carro. "Eu disse 'é absolutamente necessário chamar o investigador'", detalhou ainda.
Recorde o caso que chocou França e Portugal
A morte de Maëlys de Araújo chocou França e Portugal, em agosto de 2017, já que a menina desapareceu de uma festa de casamento familiar, na cidade de Pont-de-Beauvoisin, onde estariam cerca de 200 convidados. Passados alguns dias, Nordahl Lelandais foi acusado de sequestro.
Só em 2018 é que o arguido confessou o crime, conduzindo as autoridades ao local onde tinha abandonado o corpo da menina. O acusado diz ter esbofeteado Maëlys de Araújo causando, sem querer, a sua morte. No entanto, a autópsia revelou vários golpes fatais na cabeça da criança.
Durante as investigações do sequestro e morte da menina lusodescendente, Nordahl Lelandais começou a ser investigado por outros homicídios e desaparecimentos à sua volta, assim como acusações de pornografia infantil e abuso sexual de menores.
Em maio de 2021, foi condenado a 20 anos de prisão pela morte do jovem de 23 anos Arthur Noye, que aconteceu em abril de 2017.
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