O Partido Comunista Português (PCP) votou, esta terça-feira, contra a resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia.
Segundo comunicado enviado às redações pelo Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP no PE, "o PCP considera profundamente negativa a resolução, hoje adotada no Parlamento Europeu".
Segundo a nota, "o que esta resolução faz é dar força à escalada, ao incremento da guerra, e dificultar o cessar-fogo e a solução negociada que se impõem no interesse dos povos e da paz mundial", pode ler-se.
Para o PCP, a resolução de apoio à Ucrânia e condenação da mesma "procura impor uma visão unilateral e instiga à confrontação, à guerra" e "ignora os atropelos aos princípios do direito internacional – dos quais tem uma visão seletiva, restritiva e instrumental – e as sucessivas decisões e provocações dos EUA, NATO e UE que levaram ao conflito na Ucrânia e precederam a intervenção militar da Rússia neste país".
Mantendo a posição defendida neste tema, o Partido Comunista Português reitera que este decisão "ignora o papel que EUA, NATO e UE tiveram no golpe de estado de 2014 na Ucrânia, recorrendo a forças fascistas".
A resolução do Parlamento Europeu a condenar a invasão russa e bieolorussa da Ucrânia teve 637 votos a favor, 26 abstenções e 13 votos contra, dois dos quais da delegação do PCP, composta por João Pimenta Lopes e Sandra Pereira.. O PCP foi o único partido até agora a recusar condenar o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, pela invasão do território ucraniano.
Em declarações à imprensa após a votação, João Pimenta Lopes explicou que "o voto foi contra tendo em conta o enquadramento de uma resolução que, no lugar de procurar abrir caminho ao diálogo, instiga uma escalada de tensões numa situação já ela própria de grande tensão".
"Entendemos que têm que ser percorridos os caminhos necessários na defesa da paz para criar as condições para uma via negocial, uma solução política deste conflito, um cessar-fogo cuja necessidade o PCP já anteriormente afirmou, e rejeitar o caminho que potencie o continuar de uma escalada de confrontação que nos trouxe a esta situação, e que a própria resolução, tal como está construída, instiga", argumentou.
Segundo o deputado comunista, o texto adotado instiga essa escalada em vários pontos, designadamente "no apelo ao aprofundamento das sanções, no apelo à aprofundamento da militarização da UE e de mobilização de forças militares da NATO no continente europeu, na instigação a essa capacidade operacional, ao fim e ao cabo na criação de um contexto de uma escalada de tensões que depois naturalmente tem repercussões, que é contrário à absoluta necessidade do desanuviamento".
João Pimenta Lopes disse ainda que não se pode "ignorar o percurso" até aqui nos últimos anos, "no qual os Estados Unidos, a NATO e a UE tiveram também uma responsabilidade".
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