"A política precisa de um aconselhamento científico sólido e isso está na base da boa governação, mas como a governação não se faz só com cientistas e políticos, envolve muitas vezes a autoridade da sociedade e é difícil progredir, é um processo de negociação", afirmou o ministro em declarações à agência Lusa.

O ministro português interveio esta manhã no Fórum Oceano no Museu de História Natural de Paris para falar dos avanços políticos em relação ao conhecimento e preservação dos oceanos, considerando que apesar de não se conseguir "restaurar" o planeta ao que era antes da era pré-industrial, é possível fazer avanços.

"Há coisas que têm sido reversíveis, se não cuidássemos das questões do plástico, que tiveram o mérito de chamar a atenção da sociedade para os oceanos, o problema ter-se-ia agravado. As pessoas viam o problema, tinham de nadar no meio daquela sujidade, viam os animais, muitos deles carismáticos, a morrerem sufocados pelo plástico", exemplificou o ministro.

Nos três dias de encontros entre cientistas portugueses e francesas na capital gaulesa, atrair o interesse do público é um dos objetivos, com este evento a integrar a Temporada Cruzada entre a França e Portugal, que vai decorrer até outubro deste ano, envolvendo diferentes manifestações culturais.

"Portugal e a França são dos países da União Europeia com maiores zonas económicas exclusivas e maiores plataformas continentais estendidas e isso cria um interesse acrescido para estes dois países para as questões dos oceanos e que se têm revelado muito importantes na investigação científica", descreveu o ministro.

O evento em Paris acontece poucas semanas depois da Cimeira do Mar em Brest que reuniu líderes do Mundo inteiro, incluindo Emmanuel Macron e também Marcelo Rebelo de Sousa. 

Este fórum quer também marcar o caminho para a Conferência dos Oceanos, organizada por Portugal e pelo Quénia, no mês de junho em Lisboa, com a declaração conjunta a estar já a ser preparada segundo o ministro.

Quanto às tensões entre a França e o Reino Unido sobre as licenças das pescas prometidas no pós-Brexit e que os britânicos não entregaram de imediato aos franceses, o ministro português diz que as tensões foram "esbatidas" e Portugal atuou como um mediador entre os dois países.

"A questão já está mais esbatida, há agora uma situação mais confortável entre a França e o Reino Unido. Portugal não tem interesses naquelas zonas de conflito, no Mar do Norte, mas sempre esteve dentro do diálogo e falei muitas vezes com a ministra Annick Girard, para criar alguma comodidade nas relações entre França e Reino Unido", explicou.

De forma a transformar o Fórum Oceano num evento cruzado, uma outra edição deste encontro vai realizar-se em Lisboa, a 02 de setembro, com o tema "O Atlântico uma visão franco-portuguesa partilhada".

A Temporada Portugal-França 2022 é uma iniciativa de diplomacia bilateral entre Portugal e França, que visa aprofundar o relacionamento cultural entre os dois países.

Conta com uma programação que decorrerá entre fevereiro e outubro deste ano, em várias áreas, entre espetáculos, exposições e manifestações de gastronomia, entre outros eventos.

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