"Estamos a tentar ver todas as questões com os órgãos do governo português. Os diplomatas das embaixadas portuguesas na Eslováquia, na Polónia e na Hungria vão verificar os documentos das pessoas e depois o MNE vai enviar o transporte para estes cidadãos poderem chegar a Portugal. Na nossa opinião, existe um sistema bastante viável, mas é claro que surgem alguns problemas", disse Inna Ohnivets em entrevista à Lusa.
Salientando que a embaixada continua "disposta a resolver" com as associações ucranianas e o governo português as dificuldades registadas no transporte e na viagem destes refugiados, a embaixadora ucraniana admitiu uma "crise migratória" nas fronteiras do seu país, devido à "agressão russa desencadeada por Vladimir Putin", e que Portugal é um país "maravilhoso" para receber os seus compatriotas.
"Em Portugal está criado um sistema bem desenvolvido para acolher os ucranianos. Eles podem ser muito bem integrados na sociedade portuguesa, porque podem procurar trabalho em Portugal e as crianças podem também ir às escolas para continuar a estudar. Aqui funcionam também as escolas ucranianas ao domingo, por isso, podem continuar a estudar a sua língua materna", explicou.
Questionada sobre as situações de racismo que se verificaram nas fronteiras, com dois cidadãos portugueses de origem africana que ficaram dias à espera enquanto só passavam pessoas brancas da Ucrânia para a Polónia, Inna Ohnivets assumiu que tiveram de "esperar muito tempo", mas que a embaixada e as autoridades portuguesas agiram para resolver o problema detetado na última semana.
"O governo ucraniano fez tudo o que é possível para acelerar este processo e para que, por exemplo, os estudantes possam passar a fronteira e ir para o país de origem. A nossa embaixada ajudou com a situação que surgiu com os dois estudantes cidadãos portugueses e, em cooperação com o MNE de Portugal e o apoio do nosso embaixador na Polónia, conseguimos resolver esta questão", concluiu.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
Leia Também: Embaixadora sem informações sobre elementos de extrema direita no combate