Ucrânia. "Choca-me e entristece-me a impotência de europeus e americanos"
Um artigo de opinião assinado por Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
© Reprodução
País Joaquim Jorge
"Eu, decididamente, vou deixar de ver na televisão noticias da Ucrânia, passarei a ler o que considero relevante para estar informado.
Perante o que vejo e leio ao longo de um mês, choca-me, entristece-me e mete-me raiva a impotência dos europeus e americanos.
Falam, falam, reúnem, reúnem e não passa disso.
O Ocidente tem medo de Putin, ele sabe disso e tomou-lhe o pulso. Quem criou o monstro Putin foram os europeus e americanos, agora desenvencilhem-se dele, mas não vejo jeito.
Biden parece-me ser boa pessoa, mas até lhe custa andar, faz tudo lentamente, até, para discursar. Ao invés, Putin é muito rápido.
Somos um bando de cobardes e sem estaleca para nos opormos ao princípio do nosso fim.
O povo ucraniano é um exemplo para todos nós, a começar pelo presidente Volodymyr Zelensky.
Tão criticado e menosprezado por ter sido ator e comediante, mas pede meças a qualquer político carreirista da nossa praça.
Ver na televisão à hora de uma refeição em que tenho tudo: boa comida, bom ambiente, temperatura agradável, etc. Ver pessoas a fugir sem os seus haveres, com frio, sem comida, sem saber onde está a família, acho mórbido e hediondo.
Esta guerra na Ucrânia faz-me lembrar o seguinte: ver um vizinho a andar à porrada na sua casa com outro vizinho, mas limitamo-nos a ver para não nos incomodarmos, por descargo de consciência recebemos na nossa casa os filhos e as mulheres. Enfim!
Por outro lado, os portugueses parecem carneiros, vão para onde os mandam, neste caso, vêem e discutem o que a televisão nos mete pela casa dentro.
Assim aconteceu com a pandemia, agora com esta guerra, esquecendo que vamos ter um novo governo, um dos mais centralistas de sempre, com uma maioria absoluta e, as implicações que isso acarreta.
O aumento de preços galopante, consequentemente a inflação, tudo se configura para o aumento das taxas de juro e, nunca esquecer que o vírus continua aí à espreita.
Somos um povo anestesiado, que não gosta de pensar. Pensar dá muito trabalho e podemos incomodar-nos. Ser ignorante ou não saber evitam chatices.
O que interessa é seguirmos a nossa vidinha e cada um que se arranje."
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