Crise sísmica. Culto retomado nas igrejas de Velas em São Jorge, Açores
As celebrações religiosas são retomadas hoje no concelho das Velas, ilha de São Jorge, Açores numa altura em que a crise sismovulcânica aparenta "alguma acalmia" e a população deve "voltar à normalidade", estando "vigilante", afirmou o padre António Azevedo.
© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images
País Açores/sismos
"Passado o susto inicial, é o voltar à normalidade, porque não se sabe o tempo que isto vai levar. O objetivo é transmitir calma e apoio à população e voltarmos à nossa vida e tentarmos celebrar a Semana Santa dentro dos possíveis", sublinhou o pároco, em declarações à agência Lusa.
No fim de semana, as celebrações estiveram interditadas nas fajãs e foram desaconselhadas em todas as igrejas do concelho das Velas por precaução.
As imagens das igrejas foram removidas dos seus locais habituais e foi cancelada a procissão que deveria ter ocorrido na tarde de domingo na freguesia da Urzelina.
"No sábado e no domingo, não se sabia o que iria acontecer e não houve missa, porque houve um êxodo da população e também não era aconselhável juntar pessoas. Nas Velas, nem pessoas tinha para as celebrações. Mas mantiveram-se as missas noutras zonas da ilha onde era possível", explicou o padre António Azevedo.
Uma nota publicada hoje no site na Internet da Igreja Açores refere que "as celebrações do culto em todo o concelho de Velas são retomadas a partir de hoje", na sequência de uma reunião do Administrador Diocesano com o clero da ilha de São Jorge esta semana.
"A decisão tem a ver também, de alguma forma, com a situação que acalmou. Se estivessem a ocorrer sismos elevados não iríamos retomar. Sabemos que as igrejas são edifícios antigos e há o caso da igreja da Urzelina, cujo teto está a precisar de obras. Torna-se perigoso, mas não vou impedir", salientou o pároco.
O padre aconselha a população a "manter o distanciamento para que, em caso de sismo, se possam proteger".
Na nota enviada ao Igreja Açores pelo Administrador Diocesano, é referido também que "o risco de aglomeração de pessoas não é elevado, uma vez que 50% da população do concelho está no concelho da Calheta e ou fora da ilha".
A nota lembra "os lugares de maior perigo", como "torres e frontispícios" e informa os procedimentos a tomar caso ocorra algum episódio sísmico, alertando que os fiéis devem "baixar-se entre os bancos" e os "ministros junto do altar".
Por outro lado, "devem estar a funcionar as portas laterais e das traseiras das igrejas, como saídas de emergência mais seguras", lê-se ainda.
Os "sinos das torres estão desativados em todas as igrejas do concelho de Velas, e só repicarão em caso de alerta de eminência de vulcão, juntamente com as sirenes dos bombeiros e das rádios" acrescenta.
Estão, ainda, "definidos pontos de encontro das pessoas que não tenham transporte próprio para a saída em caso de evacuação, tal como estão identificados os pontos mais próximos e seguros para onde se devem dirigir", assinala.
Quanto à catequese e demais encontros "podem manter-se, sem obrigação nem marcação de ausências" e "no regresso das férias da Páscoa, serão dadas novas indicações a todos os participantes".
Depois de uma reunião com todos os sacerdotes da ilha a conclusão é a de que sentimentos como o "medo, o negacionismo, a indiferença" devem ser evitados e a população deve estar "a vigilância e proativa", mantendo-se atenta aos sinais e à informação avançada pelas autoridades da Proteção Civil, lê-se ainda.
Os sacerdotes decidiram igualmente reiterar a importância da presença do "pastor no meio do seu povo", devendo "permanecer com ele" nesta situação garantindo a proximidade e o conforto espiritual.
"A situação relativamente às escolas, capelanias de idosos e doentes e destes nas suas casas" é também "uma prioridade" para evitar a solidão e o abandono, sublinha.
De acordo com a mesma nota publicada, durante a reunião com o cónego Hélder Fonseca Mendes e os sacerdotes da ilha de São Jorge, ficou sublinhada a necessidade de "cooperação" com as instituições oficiais e da sociedade civil, "dinâmicas e lugares de acolhimento das comunidades".
Na quinta-feira o presidente da Proteção Civil açoriana informou que o número de sismos registados na ilha de São Jorge registou "uma redução significativa", havendo ainda "uma alteração relativamente à localização dos epicentros".
O brigadeiro-general Eduardo Faria revelou ainda que há "também uma alteração relativamente à localização dos epicentros" dos sismos, no sentido dos Rosais, na parte mais ocidental da ilha.
Em declarações à agência Lusa o responsável explicou que os epicentros dos sismos na nova zona da crise sismovulcânica de São Jorge, nos Rosais, foram registados mais próximos da superfície, entre os cinco a sete quilómetros de profundidade.
Desde o início da crise sísmica em São Jorge, no dia 19, que os sismos se têm vindo a registar na parte central da ilha, numa área que vai desde o centro de Velas até à Fajã do Ouvidor.
Os eventos ocorridos na zona central da ilha continuam a ter um epicentro com profundidade de "7,5 a 12 quilómetros".
A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4(ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa "estado de repouso" e V6 "erupção em curso".
Leia Também: São Jorge com reforço de 100 operacionais para resposta em catástrofe
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com