A primeira delatora da Lava Jato, Nelma Kodama foi detida ontem num hotel de luxo em Portugal na sequência de uma operação conjunta entre as policias portuguesas e brasileiras no caso do avião com droga que transportou João Loureiro em janeiro de 2021. Mas quem é esta mulher que foi agora presa em Portugal?

Em primeiro lugar, era ex-mulher do também criminoso, condenado por diferentes crimes de corrupção relacionados com a Operação Lava Jato,  Alberto Youssef.

Em outubro de 2014 foi condenada, em primeira instância, a 18 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e organização criminosa. Como consequência desta condenação, foi presa em março de 2014, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Segundo as autoridades brasileiras, tentou fugir para Itália com 200 mil euros escondidos nas cuecas.

Em agosto de 2019, um tribunal brasileiro autorizou que Nelma Kodama, na altura já em prisão domiciliaria, fosse libertada. Esta libertação esteve relacionada com um indulto de perdão concedido pelo antigo presidente brasileiro Michel Temer, em dezembro de 2017.

Em 2015 foi protagonista de um momento marcante numa comissão de inquérito quando cantou a música 'Amada Amante', de Roberto Carlos, durante um depoimento numa Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o escândalo de corrupção da Petrobras.

Em 2018, tornou-se alvo de investigação por um crime relacionado com joias roubadas. Na altura, a polícia informou que Kodama apareceu nas redes sociais com um par de brincos, um anel e um colar de rubis, avaliados em 30 mil euros, que não lhes pertencia.

Já em fevereiro de 2021, meia tonelada de cocaína foi apreendida num jato privado, um Dassault Falcon 900,  que pertencia a uma empresa portuguesa, no Aeroporto Internacional de Salvador. Na altura a droga foi encontrada quando a aeronave estava a ser abastecida. Cinco pessoas tiveram de prestar declarações na Polícia Federal.

A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa que atuava nos dois países (Portugal e Brasil), composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar a carga), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo, nomeadamente Nelma Kodama).

A Justiça brasileira decretou ainda medidas patrimoniais de apreensão, apreensão de imóveis e congelamento de valores em contas bancárias usadas pelos suspeitos.

Segundo a imprensa brasileira, que cita fontes da Polícia Federal do Brasil, Nelma Kodama foi detida no âmbito da Operação Descobrimento, que tem como objetivo desmantelar uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína. No decorrer desta operação estão a ser cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados brasileiros da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco.

Em Portugal, a PJ, acompanhada por polícias brasileiros, cumpre três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva no Porto e em Braga.

O advogado da detida, Nilton Wilians, citado pela imprensa brasileira conta que a sua cliente "ficou surpresa" com a detenção e que ainda não conhece o motivo da mesma. Wilians afirmou ainda que espera ter acesso às informações do caso em breve para se manifestar às autoridades competentes.

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