A Diretora-Geral de de Saúde esteve, esta quarta-feira, nos estúdios da RTP3, onde falou acerca da antecipação da 4.ª dose da vacina - que começará a ser administrada na próxima segunda-feira, em vez de no próximo outono, como estava planeado - e também acerca dos casos suspeitos de hepatite aguda.
"Esse reforço [da vacina] seria dado agora ou mais tarde, mais perto da onda sazonal do inverno, conforme a evolução do vírus e da epidemiologia", reiterou Graça Freitas, explicando que o grupo responsável pela monitorização do vírus considerou que devido à evolução dos casos nos últimos dias a decisão devia ser antecipada.
A responsável reiterou que aqueles a quem agora for administrada a 2.ª dose de reforço, deverão tomar uma outra dose entre quatro a seis meses para "a provável onda de inverno". "A lógica é: oferecer às pessoas as doses necessárias para que vão ficando protegidas", disse, referindo-se à população vulnerável. "Aquela que mais sofre as consequências da doença", lembrou.
5.ª dose?
Garantiu ainda que uma 5.ª dose já estava prevista, sempre sublinhando que tudo dependeria do aumento e número de casos, que agora é mais elevado. Mas a diretora-geral da Saúde disse, no entanto, que não havia a certeza que este aumento fosse uma nova vaga. "Acontece que esta 5.ª vaga subiu muito depressa e estava a descer de forma acentuada, e começou a ter inflexões [...]. Não sabemos se, neste momento, [este aumento] é uma flutuação da 5.ª vaga ou se vai originar-se uma 6.ª vaga", explicou.
Quando questionada se este aumento do número de casos poderia estar relacionado com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, Graça Freitas disse que "não há que ter nenhuma inibição, nem vergonha em usar máscara", lembrando que a DGS recomenda o seu uso em certas situações não obrigatórias.
Estirpe BA.5 da variante Ómicron e restrições
Considerou ainda que a estirpe BA.5 da variante Ómicron está a tornar-se problemática. "As projeções é que em poucos dias atinja cerca de 80% das variantes da Ómicron, que é a que domina neste momento", disse, alertando ainda que "as variantes podem mudar o panorama de um dia para o outro".
A responsável disse que estava ainda a ser "ponderado e estudado" que também as pessoas a partir dos "60 ou 65 anos" possam vir a ser considerados para os "grupos vulneráveis", de forma a também estes serem os primeiros a ter acesso a doses de reforço. "Estamos a ver os outros países, os estudos que vão saindo, os resultados de países como Israel", explicou.
Questionada sobre a afluência que se registou, esta quinta-feira, no Hospital São João, no Porto, falou ainda sobre a gratuidade dos testes. "O autoteste tem um custo bastante baixo e está acessível nas farmácias. Perante uma suspeita, o que se aconselha é que se faça o teste", lembrou.
Ainda quanto à possibilidade de restrições terem que ser impostas, como já avisou a União Europeia, disse que é necessário estar preparado. "Perante o padrão da mobilidade, dos contatos e comportamentos, é sempre preciso fazer ajustes [...]. É preciso vigiar muito bem a situação e ir adequando as medidas de acordo com a situação", referiu.
Por fim, sobre o assunto, garantiu ainda que não está a haver um agravamento da doença, apesar de mais pessoas estarem a testar positivos. "Neste momento a faixa etária mais afetada é a dos 10 aos 19 anos e depois dos 20 aos 49", informou.
Hepatite aguda infantil
Durante a entrevista, a diretora-geral confirmou que são nove os casos suspeitos de hepatite aguda até agora. "É um diagnóstico de exclusão [...] - que muitas vezes evoluem bem, que é o que tem acontecido em Portugal", admitindo que estes são casos que podem ficar "sempre por esclarecer. "É o que está a ocorrer em todo o mundo. Há mais de 300 casos e sabemos o quadro. O que não se sabe é a causa", elaborou.
Admitindo que a explicação era difícil, disse que não havia casos confirmados de hepatite aguda em Portugal, porque para isso era necessário encontrar a causa. "Os nossos nove casos configuram este tipo de hepatite manifestaram-se nos últimos tempos, em menores de 16 anos, as enzimas hepáticas estão elevadas e não é encontrada nenhuma causa, "ao contrário das outras hepatites, em que é encontrado um vírus", por exemplo, rematou.
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