Conselheiro da UNPOL apela a Portugal por mais mulheres em missões de paz

O conselheiro de Polícia das Nações Unidas (UNPOL), o português Luís Carrilho, apelou hoje a Portugal por um maior destacamento feminino "ao mais alto nível" para missões de manutenção de paz no mundo.

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Lusa
22/05/2022 06:18 ‧ 22/05/2022 por Lusa

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Nações Unidas

Em entrevista à Lusa na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, Carrilho enalteceu a presença portuguesa em diversas missões de Polícia pelo mundo, cuja "experiência", "entrega" e "dedicação" têm contribuído para elevar o nome de Portugal.

"Portugal, desde muito cedo, participou por intermédio das forças e serviços de segurança - como com a Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras -, em diversas missões de Polícia, começando pela Bósnia, Angola, Moçambique e, mais recentemente, em Timor-Leste. Hoje em dia, temos polícias destacados nas mais diversas missões, nomeadamente na Minusca, na República Centro-Africana, e no Sudão do Sul, com a Unmiss, onde também temos polícias portugueses", disse.

"Temos cerca de 17 polícias portugueses, mas no passado, e somando tudo, tivemos várias centenas das diferentes forças e tenho que dizer que os polícias portugueses, de todas as forças, sempre contribuíram e sempre enalteceram o nome de Portugal, fruto da sua experiência nacional, fruto da maneira de ser, mas também da entrega, do empenho e da motivação", salientou o conselheiro de Polícia das Nações Unidas no Departamento de Operações de Manutenção da Paz.

De acordo com Luís Carrilho, Portugal tem uma força que é uma "honra para todos" na República Centro-Africana (RCA), indicando que os polícias, militares, mas também a componente civil na região, têm-se organizado de forma a dar o seu melhor para cumprir o mandato da missão.

"Queria aqui realçar que Portugal participa hoje em dia com duas polícias portuguesas, sendo que a participação feminina é muito importante nas missões de paz e fazer um apelo para que Portugal continue a destacar mulheres ao mais alto nível, para que, juntamente também com os camaradas homens, possamos contribuir para uma melhor segurança, para uma melhor qualidade de vida ao nível da segurança nas missões de manutenção de paz onde estamos presentes", acrescentou.

Luís Carrilho, também ele um português numa posição de destaque nas Nações Unidas, foi nomeado para o cargo em novembro de 2017 pelo secretário-geral, António Guterres. Carrilho, superintendente-chefe da PSP em Portugal, também já atuou como comissário de Polícia das Nações Unidas em várias operações de manutenção da paz.

Sobre a sua função enquanto conselheiro de Polícia, Carrilho diz que é um trabalho de coordenação com os comandantes de Polícia nas diferentes missões, tendo a responsabilidade de coordenar com os Estados-membros o recrutamento, a seleção e a projeção de polícias individuais, de unidades constituídas de polícia e ainda de especialistas em todas as missões de manutenção de paz no mundo.

Já em relação à UNPOL, esta foi criada há mais de 60 anos, com o primeiro destacamento no Congo, e é constituída atualmente por cerca de 10 mil polícias, de mais de 90 países, que estão a desempenhar funções em 16 operações de paz: missões de manutenção de paz, missões políticas especiais e também em áreas especiais de polícia em vários Estados.

Sobre a capacidade de construção de forças capazes de atuar em regiões como o Sahel e RCA, Luís Carrilho salientou que "há muitos desafios" e que tem sido necessária uma maior coordenação entre várias forças de segurança para garantir a segurança das populações, proteção de civis e capacitação, quer a nível individual e quer a nível institucional, das forças de segurança nacionais.

"A polícia é uma das faces mais visíveis do Estado e das Nações Unidas. Quando, pelos mais diversos motivos, há uma ausência da polícia, fruto de conflitos de origem religiosa, de origem étnica, de origem económica ou mesmo do clima, por vezes esse espaço é ocupado, infelizmente, por grupos armados", disse o português.

"Forças essas que não têm uma legitimidade que foi dada pela população, seja a nível de eleições, seja ao nível de processos democráticos e há assim um desafio em todas estas regiões de existir uma autoridade do Estado devidamente legitimada e onde as forças de segurança tenham a confiança das populações", referiu à Lusa.

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