A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, reagiu, na terça-feira, a uma análise da rede de organizações não governamentais 'PAN Europa', que indica que maçãs e peras cultivadas em Portugal estão entre as frutas com maior quantidade de pesticidas perigosos. A governante entende que o estudo tem questões "muito estranhas" e garantiu que a produção nacional é segura, recusando qualquer "alarmismo".
As declarações da ministra foram feiras aos jornalistas em Bruxelas, à margem de um encontro de ministros da Agricultura da União Europeia, numa altura em que o Governo ainda não tinha conhecimento do estudo, prometendo “analisá-lo”.
"Este estudo – nós não o conhecemos, nós tivemos acesso a ele hoje [ontem] pela comunicação social – tem aqui algumas questões que nos parecem muito estranhas, como por exemplo não dizer qual é o valor de que estamos a falar e com que limite é que foi comparado", começou por dizer.
"Quando eu digo que não estamos a cumprir um parâmetro, eu tenho de dizer com o que é que estou a comparar, que é para depois eu poder ter um referencial. E, portanto, é com base nisto que temos de ter efetivamente uma comparação credível, para ter uma informação que seja também ela credível", acrescentou, criticando ainda o facto de não ser dito quais "os níveis encontrados" ou de não ser feita "qualquer menção ao cumprimento de limites máximos de resíduos que são estabelecidos ao nível comunitário", ou seja, "os limites legalmente estabelecidos que garantem a segurança ao consumidor".
"Portanto, estamos aqui perante uma mensagem que me parece inclusivamente alarmista. O que vos posso dizer hoje é que, de acordo com os dados que temos em Portugal e na União Europeia, nós temos condições de excelência ao nível da segurança alimentar para continuarmos a consumir aquilo que produzimos na UE e aquilo que importamos também, porque o controlo de qualidade que é feito manifestamente é o controlo necessário para garantir que aquilo que comemos cumpre os requisitos para a nossa segurança, a nossa saúde e o nosso bem-estar", assegurou.
"Há, efetivamente, do ponto de vista da segurança alimentar condições hoje em Portugal e na União Europeia como nunca tivemos. Portanto, há condições de segurança e não me parece que neste momento esta mensagem possa trazer qualquer alarmismo que venha aqui a causar qualquer tipo de constrangimento", reiterou.
"Aliás, o que seria dos portugueses, sem a nossa maçã e a nossa pera, que são as duas frutas de eleição que nós consumimos sempre e vamos continuar a consumir, porque consumimos em segurança, porque a produção nacional é segura e cumpre os requisitos desse ponto de vista", completou.
Recorde-se que a análise realizada pela 'Pesticide Action Network' (PAN) indica que as maçãs e peras portuguesas estão no segundo lugar do 'ranking' da maior proporção de frutas contaminadas em 2019. Em 85% das peras portuguesas testadas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos.
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