Nos primeiros seis meses de 2022, 13 mulheres foram assassinadas em contexto de violência doméstica em Portugal – quase tantas como em 2021, ano em que 16 mulheres perderam a vida às mãos dos companheiros.
De acordo com dados da Comissão para a Igualdade de Género (CIG), com base em estatísticas da Polícia Judiciária, oito mulheres foram assassinadas no primeiro trimestre de 2022. O Jornal de Notícias, por sua vez, dá conta de mais cinco mortes por violência doméstica, num total de 13 femicídios em menos de seis meses.
"O número de homicídios conjugais a esta data é claramente assustador. Parece estar a recuperar a tendência do período pré-pandémico, o que é preocupante", disse João Lázaro, presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), àquele meio de comunicação social.
Recorde-se que, nos últimos três meses de 2021, a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) registaram 6.730 ocorrências por violência doméstica, menos 880 do que nos três meses anteriores. Somando os doze meses, as forças policiais receberam 26.511 ocorrências, menos 1.108 do que no ano de 2020, o que representa uma quebra de 4%. A tendência parece, contudo, estar a aumentar.
O caso mais recente foi registado na segunda-feira. Conforme informou o Notícias ao Minuto, uma mulher acabou por morrer na manhã de ontem, após ter sido atingida com dois disparos de caçadeira por um homem com quem teria mantido uma relação conjugal. O crime ocorreu em frente do local de trabalho da vítima, na Rua 25 de Abril, em Felgueiras, no Porto. O agressor, que se colocou em fuga, entregou-se no posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Lousada, ainda no mesmo dia.
Dois dias antes, uma mulher foi encontrada com um tiro na cabeça no interior de uma viatura, em Arouca. Acabaria por morrer no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, para onde teria transportada em estado grave. O alegado agressor, ex-companheiro da vítima, com quem manteve uma relação de 20 anos, terá confessado o crime e tentado pôr termo à vida com uma arma de fogo, à frente dos seis filhos.
Para "conhecer melhor a dimensão do fenómeno" da violência doméstica e de género, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) lançará, ainda este mês, um inquérito, que poderá ser feito pela Internet, por telefone ou de forma presencial, adiantou Francisco Gonçalves de Lima, presidente da entidade, ao Jornal de Notícias.
O objetivo passará por recolher experiências de assédio sexual no trabalho, violência física, sexual, psicológica e económica, complementou o responsável.
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