Em resposta a perguntas dos jornalistas, em Braga, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "o entendimento do senhor presidente do Governo Regional da Madeira [Miguel Albuquerque] é de que não tinha sido um contacto formal suficiente para poder ir".
"Como imaginam, isso, no quadro de uma guerra, de uma pandemia, de um 10 de Junho, temos de admitir, esse problema de comunicação ou de entendimento, como imaginam, é de somenos importância", considerou.
Interrogado se este episódio não afeta as suas relações com o Governo Regional da Madeira, que divulgou novo comunicado a reafirmar que não houve convite para as celebrações do Dia de Portugal em Londres, o chefe de Estado respondeu: "Não".
Marcelo Rebelo de Sousa informou que entretanto o chefe da sua Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, falou com Miguel Albuquerque.
Segundo o chefe de Estado, "chegaram à conclusão de que o chefe da Casa Civil lhe tinha falado na ida a Londres, mas o senhor presidente do Governo Regional diz que não ficou com a sensação de que fosse um convite formal na ida a Londres".
"O que é facto é que ontem [quarta-feira] os serviços de relações internacionais da Presidência tentaram confirmar se sim ou não havia uma ida a Londres dos dois presidentes dos governos regionais, e foi dito que não podiam ir. Portanto, foi essa a verdade que ficou", acrescentou.
"Houve contactos. A convicção da Presidência da República é a de que o senhor presidente do Governo Regional da Madeira não ia porque não podia ir. O entendimento do senhor presidente do Governo Regional da Madeira é de que não tinha sido um contacto formal suficiente para poder ir", resumiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Em comunicado hoje divulgado, o executivo regional madeirense PSD/CDS-PP chefiado por Miguel Albuquerque alegou não ter tido um convite pela Presidência da República para as cerimónias do Dia de Portugal em Londres, mas apenas para as celebrações desta data em Braga.
"Não se tratando de um lapso, só pode ser lido como uma provocação aos órgãos de governo próprio da região, porventura sendo conivente com interesses estranhos à data, aos madeirenses e aos portugueses em geral", lê-se na nota do Governo Regional da Madeira, em que se refere que "cerca de um terço" dos emigrantes portugueses no Reino Unido têm origens madeirenses.
Em Braga, em reação a este comunicado, o Presidente da República declarou: "Eu li isso na comunicação social. Fiquei surpreendido, porque eu tinha pedido ao chefe da Casa Civil, ele falou pessoalmente com o presidente do Governo Regional para o convidar e, portanto, o senhor presidente certamente se esqueceu disso".
Num segundo comunicado, o Governo Regional da Madeira reafirmou que "do contacto com o chefe da Casa Civil não resultou nenhum convite para acompanhar o senhor Presidente da República a Londres".
De acordo com esta nota, há cerca de duas semanas, a Casa Civil da Presidência da República contactou telefonicamente a Quinta Vigia, sede do executivo madeirense, e convidou Miguel Albuquerque para dois momentos das celebrações do Dia de Portugal: "Dia 09 de junho, momento musical no Teatro Circo em Braga; dia 10 de junho, participar na cerimónia militar em Braga".
Pouco depois, o executivo regional emitiu um terceiro comunicado, comentando a divulgação de uma lista de convidados para uma mesa principal em Londres, da qual consta a presença do presidente do Governo Regional.
"Importa reiterar o seguinte: não existiu convite para esse evento, em Londres; nunca o Protocolo de Estado coloca pessoas em mesas sem a prévia confirmação da mesma. Aliás, foi assim que decorreu aquando do 10 de Junho na Madeira [em 2021]", refere-se na nota.
Hoje, em visita ao concelho de São Vicente, norte da ilha da Madeira, questionado se vai deslocar-se a Braga para participar nas comemorações do Dia de Portugal, Miguel Albuquerque retorquiu: "Claro que não. Era o que faltava. Tenho muito prazer em não estar".
O chefe do executivo madeirense acusou Marcelo Rebelo de Sousa de se manter "completamente alheado das questões fundamentais da região" e de desconsiderar o Governo da Madeira.
"Seria importante o senhor Presidente da República, em vez de fazer visitas e tirar 'selfies' aqui na Madeira, começasse a tomar decisões na defesa dos interesses da região", afirmou.
As comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas começaram hoje às 10:30 em Braga, com o içar da bandeira nacional, na Praça do Município.
Em Braga, o chefe de Estado manterá um programa intenso até sexta-feira, 10 de Junho, quando intervirá na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, em que também irá discursar o constitucionalista Jorge Miranda, que preside à comissão organizadora destas comemorações.
Depois, as celebrações do Dia de Portugal prosseguirão em Londres, no Reino Unido, com a participação do Presidente da República e do primeiro-ministro, António Costa, até 12 de junho.
Presidente da República e primeiro-ministro voltam assim a assinalar esta data junto de comunidades emigrantes portuguesas, retomando um modelo que lançaram juntos em 2016, interrompido nos últimos dois anos devido à pandemia de covid-19.
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