O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desvalorizou este sábado o cancelamento de um almoço com o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, e defende que a "prioridade" da sua viagem ao Brasil "é o povo".
“O Presidente português não tem de tomar posição na vida política brasileira. A nossa posição na diplomacia portuguesa é essa”, começou por afirmar o chefe de Estado, quando questionado por jornalistas, na chegada ao Brasil, como iria “lidar com a polarização” da política do país.
Em causa, recorde-se, está o facto de Jair Bolsonaro ter revelado que cancelou o encontro agendado para segunda-feira em Brasília com Marcelo porque o português “teria uma reunião com o Lula [da Silva]”, na residência oficial do Cônsul-Geral de São Paulo, no domingo de manhã. O cancelamento ainda não foi confirmado pela Presidência portuguesa, nem pelo governo brasileiro.
Marcelo justificou-se dizendo que ele - ou qualquer presidente português - “contacta todos os sectores e todos os quadrantes”, quando viaja para outro país. “Tenho os contactos oficiais e depois tenho os contactos com a sociedade, mas não há qualquer intervenção na vida política interna”, frisou.
“O mais importante são as pessoas. A força da nossa aliança fraterna é o povo - o povo brasileiro e o povo português. Tudo o resto muda, as instituições vão mudando”, destacou.
Questionado sobre se viajaria até Brasília, Marcelo atirou: “Eu tenho o programa que tenho. Naturalmente, farei para já o programa inicial”.
“Vamos ver o que sucede serenamente, não há pressa. Um almoço pode acontecer agora, ou em setembro ou em outubro, ou novembro”, acrescentou. “A minha experiência de muitos anos de vida e de política é que o fundamental é olhar para os povos”.
Marcelo destacou ainda que “neste momento, não pode haver melhor momento no relacionamento entre povos”, lembrando que existe no Brasil “uma comunidade portuguesa muito forte” e uma “comunidade brasileira fortíssima em Portugal”, que deverá “chegar rapidamente a 250 mil” cidadãos brasileiros a residir no país. “250 mil em 10 milhões é uma brutalidade. Tem um peso muito grande”, frisou.
O Presidente da República chegou este sábado ao Brasil e vai passar pelo Rio de Janeiro e São Paulo. O plano indicava também uma passagem por Brasília, estando previstos encontros com Lula da Silva, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
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