A Polícia Judiciária (PJ) fez, na manhã de hoje, novas buscas na Comunidade Judaica do Porto (CJP). Em causa estão suspeitas de corrupção nos processos de concessão de nacionalidade portuguesa.
Em comunicado, a PJ refere que, no âmbito da operação Porta Aberta e de um inquérito que corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, desencadeou, na zona norte do país, uma operação "com vista à execução de mandados de busca e apreensão".
"As buscas realizaram-se em residências, escritórios de advogados e escritórios de contabilidade e contaram com a intervenção de um JIC [juiz de instrução criminal] e de uma Procuradora da República", lê-se no comunicado.
No inquérito investigam-se factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de corrupção, de falsificação de documentos, de branqueamento, de fraude fiscal e de tráfico de influências.
A PJ diz ainda que prossegue as investigações, "no sentido de esclarecer a natureza e a dimensão da atividade criminosa em investigação".
Esta é a segunda vez que a Polícia Judiciária faz buscas na Comunidade Judaica do Porto. Recorde-se que, na sequência de dúvidas levantadas por eventuais ilegalidades na atribuição da nacionalidade a descendentes de judeus sefarditas, com destaque para a concessão de cidadania ao empresário russo Roman Abramovich, o rabino da CIP/CJP, Daniel Litvak, foi detido em março pela Polícia Judiciária e ficou a aguardar o desenvolvimento do processo com termo de identidade e residência, entregando também o passaporte.
Também em março, a Comunidade Judaica do Porto decidiu terminar a sua atividade de certificação de descendentes de judeus sefarditas para processos de obtenção da nacionalidade portuguesa, na sequência das buscas e da detenção do rabino Daniel Litvak.
Entre 1 de março de 2015 e 31 de dezembro de 2021 foram aprovados 56.685 processos de naturalização para descendentes de judeus sefarditas (que foram expulsos de Portugal por decreto régio há mais de 500 anos) num total de 137.087 pedidos que deram entrada nos serviços do IRN.
Estão identificadas comunidades sefarditas em países como Turquia, Tunísia, Marrocos, Egito, Sérvia, Bulgária ou Macedónia, onde se estabeleceram depois da expulsão de Portugal e Espanha, mas podem estender-se à Jamaica, Curaçao ou Suriname.
Os países que fizeram mais pedidos à CJP foram Israel, Turquia, Estados Unidos e Brasil, de descendentes de sefarditas do Norte de África e do Império Otomano.
[Notícia atualizada às 18h00]
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