Meteorologia

  • 19 NOVEMBER 2024
Tempo
20º
MIN 12º MÁX 21º

Incêndios: Meteorologia decide 80% do sucesso de cada verão

O professor do Instituto Superior de Agronomia Francisco Castro Rego considerou que "era previsível" a dimensão dos incêndios florestais nos últimos dias, uma vez que a "meteorologia decide praticamente 80% do sucesso ou insucesso de cada um" dos verões.

Incêndios: Meteorologia decide 80% do sucesso de cada verão
Notícias ao Minuto

10:17 - 22/07/22 por Lusa

País Incêndios

"Era previsível que, quando a meteorologia se complicasse, estas situações, área ardida e todas estas consequências pudessem acontecer", disse à agência Lusa o ex-presidente observatório técnico independente criado pelo parlamento até 2021 para avaliar os incêndios florestais.

Francisco Castro Rego, que também presidiu à comissão técnica independente que analisou os incêndios de 2017, recordou que em 2003 e 2005 aconteceram "situações semelhantes", que depois voltaram a repetiram-se alguns anos mais tarde e novamente em 2017.

O professor catedrático afirmou que o país "está muito vulnerável às meteorologias complexas e essa vulnerabilidade vem ao de cima periodicamente".

"O que temos assistido, e não é de agora, pelo menos de há 20 ou 30 anos, quando a meteorologia é mais favorável, as áreas ardidas são mais baixas e os governos e a população assumam que o problema está em vias de ser resolvido, mas depois o problema volta a aparecer com as mesmas consequências devido à falta de ordenamento do território e de supervisão suficiente", sustentou.

O ex-presidente do observatório técnico independente destacou que, desde 2017, "houve de facto mudanças positivas", nomeadamente na previsão meteorológica, evacuações e algum combate está mais musculado pela intervenção da Força Especial de Proteção Civil e GNR, mas "falta claramente passos significativos para que estas situações não se repitam com esta gravidade".

Isto porque, segundo o académico, "o que se vê é que a meteorologia decide praticamente 80% do sucesso ou insucesso de cada um dos anos".

Questionado se o dispositivo de combate respondeu bem e está mais bem preparado do que em 2017, Francisco Castro Rego afirmou ter dificuldade em responder e que deve existir "uma análise muito mais cuidado no sentido de se perceber, se, com aqueles índices meteorológicos e com as circunstâncias onde ocorreram, os incêndios podiam ser mais catastróficos".

O especialista considerou ainda que devia ser novamente criada uma entidade técnica independente do poder político, sublinhando que estas características de independência "são muito importante e fazem falta", porque as análises atuais "ou são feitas por entidades do Governo, como a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), ou são objeto de arremesso politico da oposição".

Para Francisco Castro Rego, "há pouca independência nestas observações" e estas análises "obrigam a uma visão com algum distanciamento, com mais profundidade e que permitam apontar para as soluções e para a monitorização", uma vez que a situação atual ainda não permite que o país esteja "sossegado durante o verão".

"É difícil fazer este julgamento em causa própria e não tinha que ser um observatório nos mesmos moldes, mas uma entidade que fosse tecnicamente competente e independente do poder político, como era o observatório e antes disso a comissão técnica independente", sustentou.

Desde o dia 08 de julho que o país enfrentou perigo extremo de incêndio florestal devido às elevadas temperaturas, tendo ardido em 15 dias mais de 45 mil hectares de florestas, com fogos que durarem vários dias.

Leia Também: Investigador alerta para comportamento cada vez mais intenso do fogo

Recomendados para si

;
Campo obrigatório