"Durante a semana passada, já com as previsões meteorológicas que se iriam sentir para as próximas horas, andámos com uma máquina, com o pessoal da junta todo apeado, a fazer taludes e desvios de água, nos caminhos agrícolas das áreas mais ardidas. Fizemos esse trabalho de uma forma exaustiva", explicou hoje o presidente da Junta de Freguesia de Vale de Amoreira, Nuno Gonçalves.
Por outro lado, segundo o autarca, na madrugada de segunda-feira alguns habitantes deram conta de que começou a chover com intensidade e aperceberam-se que a água estava a começar a ficar "estancada na zona dos ribeiros" e retiraram os detritos acumulados "para que pudesse percorrer o caminho normal".
Nuno Gonçalves reconheceu que a ação preventiva da autarquia relacionada com a abertura de taludes "acabou mesmo por resultar".
"Temos provas de um caminho que não foi intervencionado, porque não conseguimos ir a tempo e está completamente diferente daqueles que foram intervencionados. Está com o 'rasulho' [detritos diversos] todo no meio do próprio caminho e os inertes. Aqueles [caminhos] que foram intervencionados terão sempre os inertes, alguma madeira e alguns sobrantes, mas, de qualquer maneira, foi um trabalho bastante positivo", admitiu.
Segundo o autarca, a freguesia de Vale de Amoreira não teve prejuízos até ao momento, embora se tenham verificado acumulações de lixo e de lamas em algumas ruas e linhas de água.
"Entre ontem [terça-feira], hoje e amanhã [quinta-feira], as ruas vão ficar completamente limpas. Andam duas máquinas no local e os funcionários da Junta de Freguesia", disse o responsável, que também destacou a colaboração dos habitantes.
Tanto na altura dos incêndios, como agora, com as chuvas torrenciais, a colaboração dos habitantes "foi muito importante".
Admitiu o autarca que, se não fosse a sua colaboração, "as situações poderiam ser bastante piores".
O autarca de Vale de Amoreira lamentou que, até ao momento, a Junta de Freguesia ainda não tenha sido contactada pela proteção civil sobre a necessidade de "algum tipo de apoio ou alguma maquinaria" para auxiliar nos trabalhos que estão a ser realizados.
Adiantou que, quando o mau tempo passar, a autarquia vai "analisar o que está bem e o que está mal" e, depois, irá, certamente, continuar com medidas de prevenção no terreno.
"Foram as primeiras chuvas. O inverno chega a passos largos e ainda não sabemos o que nos espera", rematou.
A chuva intensa que caiu durante a noite e madrugada de segunda-feira arrastou terras e detritos das áreas ardidas da serra da Estrela e causou danos na freguesia de Sameiro, no concelho de Manteigas, distrito da Guarda, que fica próxima de Vale de Amoreira.
O presidente da Câmara Municipal de Manteigas, Flávio Massano, disse que "os danos são enormes, várias viaturas foram arrastadas pela força da água, há casas e negócios afetados, estradas, iluminação pública, infraestruturas de água e saneamento, equipamentos desportivos e lúdicos, entre outros".
Segundo a página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), pelas 11h20 estavam no terreno, nos trabalhos de limpeza, 113 elementos e 39 viaturas.
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