Arqueólogos escavam sítio com três ocupações em Arruda dos Vinhos
Arqueólogos escavaram um sítio arqueológico onde descobriram três diferentes ocupações desde a pré-história até há 200 anos em Arruda dos Vinhos, no distrito de Lisboa, foi hoje anunciado.
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País Arqueologia
"Trata-se de um sítio complexo pelas muitas fases de ocupação que teve e cuja localização estratégica justifica a sua ocupação para efeitos defensivos", afirmou à agência Lusa a arqueóloga Ana Catarina Sousa, que coordenou os trabalhos em conjunto com os arqueólogos Jorge Lopes, da Câmara de Arruda dos Vinhos, e André Texugo Lopes.
A primeira ocupação data de há cinco mil anos, durante o calcolítico, no III milénio antes de Cristo, tendo sido descobertas uma torre, estruturas defensivas e materiais de uso quotidiano, o que leva os arqueólogos a afirmar que, nesse período da pré-história, terá aí existido um povoado delimitado por muros.
O sítio possui ainda vestígios de ocupação romana no primeiro milénio antes de Cristo, tais como materiais de uso quotidiano, como cerâmicas e metais indicadores da Idade do Ferro.
Os vestígios romanos aparecem sobrepostos aos do calcolítico.
"Há uma grande reutilização das estruturas", referiu a especialista, justificando a complexidade do sítio e a existência de vestígios pré-históricos destruídos pela última ocupação, no século XIX.
Durante o período das invasões francesas, no local terá sido erguido um forte que integrou o sistema defensivo apelidado de Linhas de Torres, um conjunto de fortificações erguidas para defender Lisboa das tropas francesas.
Os arqueólogos descobriram as respetivas estruturas defensivas, o paiol e a estrada militar de acesso.
"O Forte do Passo já era conhecido e é monumento nacional, mas não estava muito bem conservado por ter estruturas defensivas criadas para um uso provisório", explicou a arqueóloga.
O sítio arqueológico possui quatro a cinco hectares, mas apenas foram escavados cerca de 80 metros quadrados, no âmbito de uma parceria estabelecida entre o município de Arruda dos Vinhos e o UNIARQ - Centro de Arqueologia da Faculdade de Letras (FLUL) da Universidade de Lisboa.
A campanha de escavações começou em julho e terminou no domingo, mas foi interrompida em julho, devido às elevadas temperaturas propícias a incêndios que se registaram, e na semana passada, devido à chuva.
Nos trabalhos participaram ainda cerca de 10 alunos de arqueologia dos cursos de mestrado e doutoramento da FLUL.
O sítio foi descoberto no ano passado, mas as primeiras escavações foram efetuadas neste verão.
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