Cada escola, mais a Câmara de Leiria e sete instituições particulares de solidariedade social (IPSS) vão ter um contentor para recolha de roupa, que será da responsabilidade da 'spin-off' ToBeGreen da Universidade do Minho, que irá recolher, tratar e valorizar os resíduos têxteis.

"Precisamos, até legalmente, de criar um circuito de recolha de têxteis, ou seja, reduzir a deposição em aterro. Entendemos que era benéfico que não houvesse só este cuidado de recolha e de criar um circuito, mas que houvesse também uma correta reutilização dos têxteis para reduzirmos o consumo de matéria-prima", disse à agência Lusa o vereador do Ambiente, Luís Lopes, à margem da sessão de apresentação da iniciativa.

Segundo o autarca socialista, este projeto "acaba por encaixar em todos estes princípios, inclusivamente na sustentabilidade a todos os níveis, económica, mas também social".

"Ou seja, podemos apoiar as comunidades que têm maior dificuldade através da cedência e de entrega de roupa em perfeito estado de utilização, mas também de criar novas peças com base em roupa ou têxteis que não podem ser reutilizados, para fins educativos, para novas peças de vestuário, para outro tipo de peças de apoio no dia a dia", acrescentou.

Com início previsto para o mês de outubro, este projeto de economia circular tem um investimento de 23.911 euros, que Luís Lopes acredita ser de retorno, pois "quantas mais toneladas deixarem de ir parar ao aterro, menos custos terá o município".

Além disso, o vereador salientou a importância da "educação" que a medida terá junto dos mais jovens, garantindo uma mudança de mentalidades no futuro.

O coordenador de operações da ToBeGreen, Filipe Falcão, adiantou que a missão da 'spin-off' é "reduzir o impacto dos têxteis no ambiente" e "criar uma economia circular de têxteis em Portugal", aproveitando o "conhecimento científico do têxtil".

Filipe Falcão considerou que a sustentabilidade terá de ter "impacto ambiental reduzido" e ser "viável economicamente".

Com este projeto, já adotado noutros municípios, a empresa irá transformar os têxteis recolhidos em outros produtos, que irá disponibilizar nas suas lojas físicas ou 'online'.

"Pretendemos educar as novas camadas e as que estão no mercado de trabalho para perceberem que todos os hábitos que temos, nomeadamente no consumo de roupa e moda, podem ser mais responsáveis, e fazer a diferença no futuro para combater as alterações climáticas e, assim, conseguir ter cidades e comunidades mais sustentáveis", acrescentou.

Luís Lopes adiantou que os 23 pontos criados no concelho escolheram, nesta primeira fase, estabelecimentos escolares que já são eco-escolas, "pelo património que já tem em matéria de ambiente e também para os motivar e incentivar a continuarem as boas práticas", e as IPSS que já recolhem têxteis e o projeto poderá ser uma "ajuda no processamento de têxteis".

"Nós próprios devemos ser exemplo naquilo que são as boas práticas ambientais e que, neste caso, tem a ver com a reutilização dos têxteis e a retirada da deposição em aterros e porque temos já mais de 1.000 colaboradores".

Qualquer cidadão poderá entregar os têxteis nos pontos de recolha para que estas peças sejam reutilizadas. As escolas e as IPSS vão receber pontos de acordo com o material recolhido, que depois serão convertidos na aquisição de peças recicladas.

Filipe Falcão afirmou que se houver pessoas identificadas com carências sociais a ToBeGreen doará as peças que tiver disponíveis, mantendo o anonimato se a pessoa assim o entender.

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