O arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, pediu perdão à comunidade paroquial e às vítimas de abusos sexuais por parte do padre de Joane, Manuel Fernando Sousa e Silva, afastado de funções.
“Foi com profunda tristeza e imensa dor que recebi a notícia de que alguns membros da comunidade estão a sofrer e que o seu sofrimento chegou aos meios de comunicação social, através da denúncia de abusos (...) Às vítimas e a toda a comunidade paroquial, que se sente provada na fé e escandalizada, desejo manifestar o meu carinho e a minha proximidade e pedir humildemente perdão”, lê-se numa mensagem dirigida à comunidade, divulgada no site oficial da Arquidiocese de Braga no domingo.
D. José Cordeiro reconhece que “a Igreja falhou no seu dever de proteger os mais frágeis e vulneráveis” e admite que deseja “criar as condições para que todas as vítimas possam ser acolhidas, escutadas e acompanhadas”.
Na mesma nota, o arcebispo de Braga indica que a primeira denúncia chegou à Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Braga (CPMAV) em novembro de 2019, tendo essa vítima relatado “a existência de outras vítimas”.
“Dentro dos limites das suas competências, a Comissão diligenciou no sentido de identificar estas e outras possíveis vítimas, mas sem sucesso. Dois anos mais tarde, chegou à Comissão mais uma denúncia. Ambas as vítimas foram acolhidas e acompanhadas pela CPMAV. Confrontamo-nos, agora, com o elevado número de casos relatados pela Comunicação Social”, lê-se.
Depois de a CPMAV enviar os “relatórios relativos às duas denúncias à autoridade eclesiástica competente”, o então Arcebispo de Braga criou, em janeiro de 2022, “uma Comissão de Investigação Prévia”. Em maio do mesmo ano, “o atual Arcebispo de Braga enviou todos os elementos recolhidos para o Dicastério para a Doutrina da Fé” e, em julho, impôs “medidas disciplinares” ao sacerdote em causa.
“Reconheço que não conseguimos ser mais céleres no tratamento das denúncias e mais eficazes no acompanhamento das vítimas, o que lamento profundamente”, refere ainda D. José Cordeiro, assegurando, contudo, que dará “todos os passos necessários no sentido de promover um processo de cura e reconciliação”.
“Neste sentido, já pedi à Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Braga a criação de um Serviço de Escuta destinado a todos quantos desejem partilhar as suas experiências. Este serviço estará disponível na Paróquia de Joane de forma presencial, sendo ainda possível recorrer ao mesmo por via telefónica ou por correio eletrónico”, informa.
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