Ministra da Defesa diz que revisão das carreiras acontecerá após OE2023
A ministra da Defesa, Helena Carreiras, apontou hoje que a revisão das carreiras dos militares acontecerá num "momento seguinte" às conversações do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), apontando que houve "algum mal-entendido" relativamente às suas declarações.
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País OE2023
"Eu tenho tido conversas com as associações. Penso que houve algum mal-entendido e eu referia-me [em declarações prestadas no parlamento] às conversações em curso no âmbito da administração pública com as estruturas sindicais a propósito dos salários", reagiu Helena Carreiras, quando questionada sobre críticas de associações militares, que disseram desconhecer negociações sobre aumentos salariais e pediram explicações.
"Haverá tempo seguramente para discutir com as associações aquilo que é a revisão possível das carreiras, que gostaria muito que tivesse lugar e que este Orçamento [do Estado para 2023] sinaliza como uma medida possível para um futuro próximo", referiu a governante.
De acordo com Helena Carreiras, "será o momento seguinte, seguramente, a revisão das carreiras".
"Será o momento seguinte que não tem exatamente a ver com este momento em que na administração pública mais em geral se está a discutir a valorização salarial", adiantou a ministra da tutela.
As associações profissionais de militares representantes dos Oficiais, Sargentos e Praças das Forças Armadas disseram hoje desconhecer a existência de negociações sobre aumentos salariais, como anunciado esta semana pela ministra da Defesa, exigindo explicações a Helena Carreiras.
Na terça-feira, ouvida em audição regimental no parlamento, a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, anunciou que as Forças Armadas vão ter valorizações salariais "em linha com o que está a ser feito na administração pública", negociação que ainda decorre mas que deverá ter mais impacto nas categorias mais baixas.
Questionado pela agência Lusa sobre estas declarações, o tenente-coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), disse não ter sido contactado pelo governo, estranhando as palavras da ministra.
"A senhora ministra estará a negociar com alguma entidade celestial ou se calhar com alguém lá do seu gabinete, o secretário de Estado", ironizou.
Na opinião de António Mota, "ou a senhora ministra está completamente equivocada daquilo que está a dizer, ou a informaram mal", insistindo que "é urgente dotar as associações profissionais de militares dos direitos de negociação coletiva e representação coletiva".
De igual forma, o sargento António Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos (ANS) disse, em declarações à Lusa, não ter sido informado de quaisquer negociações, mostrando interesse em saber "com quem é que a senhora ministra efetivamente" tem falado.
"É muito grave que um membro do governo afirme uma coisa destas quando sabe que não está a falar a verdade. Ou então, é bom que esclareça com quem, em que âmbito e com que dimensão é que estão a decorrer as tais ditas negociações", defendeu.
À Lusa, o cabo-mor Paulo Amaral, presidente da Associação de Praças (AP), também manifestou "estranheza e estupefação" face às declarações de Helena Carreiras.
"Não sei onde é que a senhora ministra tem essa informação ou com quem é que a senhora ministra está a negociar e seria importante ouvir da senhora ministra quais são as entidades, as instituições com quem a está a negociar a questão dos aumentos salariais", afirmou.
No Orçamento do Estado para 2023, o Governo prevê uma despesa total consolidada para a Defesa Nacional de 2.584,9 milhões de euros, nos quais se inclui, na categoria de "despesas com pessoal" 1.147,5 milhões.
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