Um pouco por todo o país, em diferentes hospitais portugueses, há utentes que recorrem às urgências apenas para conseguir comer, revela esta sexta-feira o jornal Expresso.
De acordo com o semanário, a procura de uma refeição gratuita nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não é nova, nem mesmo expressiva. Contudo, os profissionais de saúde temem que se agrave com o desenrolar da crise económica.
A região Norte parece a menos exposta a este fenómeno e, ao contrário do que se poderia pensar, os utentes que recorrem aos hospitais à procura de comida não são propriamente idosos. Queixam-se de doenças sem gravidade, mas permanecem em observação até à distribuição das refeições.
Há casos que já estão, inclusivamente, sinalizados pelas unidades hospitalares, devido à regularidade com que o fazem. Acontece, por exemplo, no Hospital de Portalegre, com três utentes que, uma a duas vezes por mês recorrem a esta ‘ajuda’.
Situação semelhante acontece nas urgências de Castelo Branco, Amadora e Sintra, Torres Vedras e no São José, em Lisboa, onde é histórica a procura de comida. Por aqui aparecem “casos sociais” a que a unidade hospitalar “procura dar resposta”, ainda que não esteja vocacionada para este tipo de assistência.
Já no Hospital de Beja, revela ainda o Expresso, "não há ninguém nessa situação", contudo, segundo a unidade hospitalar, "acontece haver utentes, poucos, cujo propósito quando se deslocam ao hospital é procurar alimentação e conforto", ou seja, "passar a noite".
Além da fome, a falta de companhia é outra das carências, sem ser por doença, que leva utentes a procurarem os hospitais. Ao contrário da comida, nos casos de solidão parecem ser os idosos os mais afetados.
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