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Moedas quer orçamento de Lisboa aprovado e fala em nova fase com oposição

A governar sem maioria absoluta, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, manifesta confiança de voltar a conseguir aprovar o orçamento municipal, depositando parte dessa responsabilidade na oposição, com a qual pensa estar a "passar para outra fase".

Moedas quer orçamento de Lisboa aprovado e fala em nova fase com oposição
Notícias ao Minuto

09:25 - 18/10/22 por Lusa

País Lisboa

"Seria um erro da parte da oposição estar aqui a bloquear um orçamento deste presidente da câmara. Espero, verdadeiramente, que isso não aconteça, portanto vou fazer tudo para que isso não aconteça", afirmou Carlos Moedas, comprometendo-se a "incluir" as propostas de todas as forças políticas que integram o executivo municipal de Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, o social-democrata disse que a oposição, nomeadamente PS, PCP, BE, Livre e independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), tem a responsabilidade de "perceber e aceitar" que quem governa Lisboa é a equipa do PSD/CDS-PP e sublinhou que essa liderança tem sido feita "de uma forma bastante inclusiva" ao longo do primeiro ano de mandato, desde a tomada de posse em 18 de outubro de 2021.

"Conseguimos ter um ano em que aprovámos muitas medidas, também com a aprovação da própria oposição", enalteceu o autarca do PSD, destacando a decisão unânime de avançar com a gratuitidade nos transportes públicos para residentes menores de 23 anos e maiores de 65.

No entanto, o primeiro ano do mandato 2021-2025 foi, no seu entender, marcado por "muitos bloqueios" à liderança PSD/CDS-PP. A gestão autárquica numa situação de minoria, disse, exige "esforço dos dois lados", de quem governa e da oposição.

"O primeiro ano foi muito difícil para a oposição, porque a oposição não queria, realmente, digerir e aceitar que eu era o presidente da câmara. Neste momento, penso que já estamos a passar para outra fase", afirmou, acreditando na aceitação de que "não é a oposição que está a governar Lisboa", mas pode dar sugestões, fazer propostas, fiscalizar e monitorizar.

Antes do desafio do orçamento municipal de Lisboa para 2023, Carlos Moedas vai apresentar, na quinta-feira, o plano de saúde gratuito para os mais carenciados com mais de 65 anos, medida que foi inscrita no atual orçamento, com dois milhões de euros.

Apesar de afirmar que existe "espaço para consenso" e de afastar a possibilidade de eleições intercalares, considerou que "seria impensável" que a oposição exigisse o seu próprio orçamento e explicou que o documento para 2023, à semelhança do deste ano, vai dar continuidade a muitos projetos que vêm do anterior executivo, sob a presidência do PS, mas também acrescentar novas propostas do programa eleitoral "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança).

Questionado sobre se prevê que o PS se volte a abster para viabilizar o orçamento, o social-democrata indicou que cada força política se comportará da maneira que achar: "Seria excelente que outros partidos se juntassem e que votassem a favor do orçamento, mas o mais importante é viabilizá-lo".

O orçamento municipal para 2022, que prevê uma despesa de 1,16 mil milhões de euros, ligeiramente superior à do ano passado (1,15 mil milhões), foi viabilizado com sete votos a favor da liderança PSD/CDS-PP, cinco abstenções dos vereadores do PS e cinco votos contra da restante oposição, nomeadamente dois do PCP, um do BE, um do Livre e um da independente eleita pela coligação PS/Livre.

Relativamente à continuidade da equipa eleita pela coligação "Novos Tempos" para governar a cidade, em particular a vereadora independente Laurinda Alves, que tem o pelouro dos Direitos Humanos e Sociais e que foi criticada recentemente por promover um piquenique e uma caminhada/marcha para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, Carlos Moedas expressou "toda a confiança" na sua competência, contestando a "partidarização".

"Estávamos a falar de uma iniciativa que existe em Lisboa há muitos anos, portanto era uma iniciativa sobre a erradicação da pobreza que foi feita pelo executivo anterior e que a vereadora, e bem, manteve e houve uma partidarização [...]. Parece-me de um mau gosto terrível que a oposição tenha utilizado como arma uma iniciativa que eles próprios apoiavam e, de repente, agora, viram-se contra a vereadora", apontou.

Sobre o seu futuro político, o autarca do PSD assegurou que irá cumprir o mandato até ao fim, sem adiantar se se pretende candidatar a um segundo mandato, mas afirmando que ser presidente da câmara "é algo que se cola à pele", no sentido que representa o que a política deve ser: a proximidade, para resolver os problemas das pessoas.

"Vivo com muita alegria e vivo também com grande responsabilidade aquilo que é ser presidente da câmara, portanto gosto muito, estou aqui para ficar", sublinhou o social-democrata, para quem é "extemporânea" a pergunta sobre futuros mandatos.

Sem revelar se ambiciona a liderança do PSD, o presidente da Câmara de Lisboa manifestou todo o apoio e amizade para com o atual presidente do partido, Luís Montenegro, elogiando o trabalho que está a desenvolver, "a mostrar ao Governo aquilo que é a antecipação, a capacidade de proposta e de ação", inclusive ao ser dos primeiros a propor um plano de emergência social.

Nas autárquicas de 26 de setembro de 2021, Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa pela coligação "Novos Tempos", que conseguiu 34,25% dos votos, retirando a autarquia ao PS, que liderou o executivo da capital nos 14 anos anteriores e que, através da candidatura "Mais Lisboa" (PS/Livre), obteve 33,3%.

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