"Houve alguma água do mar que atingiu zonas mais dentro, ao nível de estradas e orla costeira, mas nas habitações não temos relato de que tenha existido problemas de maior", disse aos jornalistas o capitão Cervaens Costa, no Cabedelo, uma das zonas críticas.
As previsões iniciais do estado do mar para a madrugada de hoje apontavam para uma situação de agitação marítima preocupante, conjugada com a maré-alta, que iria afetar as praias do Cabedelo, Cova-Gala, Leirosa e Costa de Lavos, vulneráveis e fragilizadas pela erosão costeira.
Segundo Miguel Figueira, do movimento SOS Cabedelo, o pico da agitação marítima não se conjugou com a maré-alta, como estava previsto, e a situação acabou por não ter a gravidade que se esperava.
Para a tarde está prevista novamente a maré-alta, mas o capitão do Porto da Figueira da Foz não perspetiva problemas de maior.
"O pico foi durante a madrugada, entre as 02:30 e as 03:00, quando a altura do mar estava superior, mas a partir de agora estamos a assistir a uma diminuição da altura da ondulação e do período também, pelo que a probabilidade de haver incidentes é menor", sublinhou.
Na zona do Cabedelo, onde os galgamentos são frequentes, os serviços municipais de Proteção Civil colocaram desde quarta-feira uma máquina de rastos na praia a erguer uma barreira de areia para travar a invasão do mar, que vai continuar a trabalhar ao longo do dia.
O problema da erosão costeira tem sido uma temática bastante discutida na Figueira da Foz, tendo-se realizado no dia 15 uma sessão de esclarecimento com a APA sobre as intervenções previstas para o concelho.
Relativamente à intervenção que já esteve agendada para maio, de transferência de 100 mil metros cúbicos de areia na área costeira da Cova-Gala, para reforço do cordão dunar, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, disse que a intervenção está iminente, embora a "janela de tempo para intervir é curta e difícil" devido às condições do mar.
Como estratégia de longo prazo, Pimenta Machado apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo ('bypass'), "que nunca se fez em Portugal", previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
O SOS Cabedelo tem defendido a construção de um 'bypass', que faça transferências contínuas de areia "para que a praia esteja bem nutrida e a dissipação de energias [do mar] se faça muito antes do mar atacar a duna primária".
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