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Urgências. "A culpa é de quem, como nós, não criou um sistema fácil"

O responsável pela pasta da Saúde considerou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "não se conseguiu manter na linha da frente da evolução tecnológica".

Urgências. "A culpa é de quem, como nós, não criou um sistema fácil"
Notícias ao Minuto

22:25 - 27/12/22 por Teresa Banha

País Saúde

O ministro da Saúde reconheceu, esta terça-feira, que existem coisas a melhorar no que diz respeito à progressão dos médicos. Manuel Pizarro garantiu, no entanto, que um dos objetivos "essenciais" para o próximo ano é investir nas carreiras profissionais.

Em entrevista à SIC Notícias, Manuel Pizarro foi questionado sobre se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) conseguiu proporcionar a estes especialistas desenvolvimentos durante a carreira.

"Acho que sim, mas temos de melhorar muito nesse domínio. Reconheço que, na última década, o Serviço Nacional de Saúde não se conseguiu manter na linha da frente da evolução tecnológica", notou o responsável, exemplificando com a tecnologia cirúrgica, a partir da qual se consegue fazer com o que as intervenções sejam "mais precisas e exatas".

"Só temos um [robot cirúrgico] no SNS, em Lisboa, no Hospital Curry Cabral - oferecido por uma fundação privada. Mas isso é uma coisa que vai mudar no próximo ano", referiu.

O responsável reconheceu ainda que existe na área um "problema geracional grave" e que, apesar de o SNS "segurar" muitos médicos, - mais 4.500 do que em 2015 -, havia uma questão relacionada com o aumento da idade média destes profissionais.

"Temos muitos médicos acima dos 50 anos e temos médicos mais jovens, e há um fosso no meio em que o país formou poucos médicos e isso gerou parte do problema", argumentou.

 "A culpa é de quem, como nós, organiza o sistema de saúde e não criou um sistema fácil para as pessoas terem alternativa"

Confrontando com a qualidade do ensino das escolas de enfermagem em Portugal, que faz com que sejam uma referência a nível europeu, Pizarro considerou que era "inquestionável" que estes profissionais eram vítimas do seu sucesso. "Acontece, aliás, em todas as profissões da saúde", defendeu, confessando que era preciso criar melhores condições de trabalho para que estes profissionais queiram permanecer no nosso país. "Este sinal foi muito importante", declarou, referindo-se ao acordo 'fechado' entre os enfermeiros e o ministério. "Foi reposta uma parte da justiça", sublinhou.

Desresponsabilizando os utentes, Pizarro considerou ainda que existe uma "situação crónica de excesso de afluxo às Urgências". "A culpa é de quem, como nós, organiza o sistema de saúde e não criou um sistema fácil para as pessoas terem alternativa", explicou, acrescentando que a abertura dos centros de saúde com horários mais prolongados e maior facilidade de marcação de consultas é "essencial". "SNS24 e centros de saúde", alertou.

"Isto é um mecanismo que eu preferia não ter. Mas é a forma de ter previsibilidade no sistema e só isso é que me permite esperar o tempo suficiente para que colhamos o fruto daquilo que estamos a fazer - que é formar novos especialistas"

Confrontando com as mudanças e fechos de algumas maternidades - nomeadamente, durante esta época festiva, e lembrado de que há problemas ainda que "se nasça pouco" no país, Pizarro não deixou de responder: "Nasce-se pouco, mas nasce-se em segurança", garantiu, relembrando os mais de 300 bebés nascidos durante o fim de semana do Natal. O ministro foi ainda questionado sobre se o esquema 'Nascer em Segurança' se ia manter além da época festiva, respondendo que, em alguns locais, se manterá aos fins de semana durante, pelo menos, o 1.º trimestre de 2023.

"Por exemplo, entre a maternidade no Amadora-Sintra, Fernando Fonseca e Francisco Xavier, num fim de semana funcionará uma, no outro funcionará outra. O mesmo na península de Setúbal [...]. E o Garcia de Orta sempre aberto. Como em Lisboa", explicou. "Isto é uma previsibilidade", considerou.

"Isto é um mecanismo que eu preferia não ter. Mas é a forma de ter previsibilidade no sistema e só isso é que me permite esperar o tempo suficiente para que colhamos o fruto daquilo que estamos a fazer - que é formar novos especialistas", argumentou, lembrando que "o maior número de sempre" de especialistas vai começar a ser formado a partir de 2 de janeiro.

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