Os maquinistas do Metro Sul do Tejo iniciaram na quinta-feira passada um período de cinco dias de greve, com recusa do trabalho suplementar na quinta-feira e no dia desta segunda-feira, e com paralisação total nos dias 30 e 31 de dezembro e 1 de janeiro.
"A nossa informação é que a operação da empresa Metro Transportes do Sul (MTS) - que gere o Metro Sul do Tejo - na margem sul do Tejo foi muito afetada pela greve dos maquinistas. No primeiro dia de paralisação total (sexta-feira), de 20 comboios que deviam ter saído durante a manhã para operação, só saíram quatro. E esses serviços foram efetuados por trabalhadores não sindicalizados e alguns até precários", disse à agência Lusa António Domingues, salientando que todos os maquinistas sindicalizados aderiram à grave.
"A empresa arranjou também um mecanismo para fazer com que a operação se processasse com mais comboios. Nós temos conhecimento que houve alguns trabalhadores que fizeram jornadas consecutivas de trabalho sem o período mínimo de repouso, o que é uma ilegalidade e coloca em causa a segurança, não só do trabalhador, mas também dos passageiros", acrescentou o sindicalista.
A MTS já desmentiu estas acusações, assegurando que os períodos de descanso foram cumpridos e que não existem trabalhadores precários na empresa.
Quanto à greve, a MTS admitiu no domingo que teve um "impacto variado na circulação, reconhecendo que nesse dia se terão realizado apenas "entre 33% e 61% das circulações previstas".
Em comunicado divulgado na quarta-feira passada, a MTS tinha acusado o SMAQ de ter convocado a greve ignorando os aumentos salariais já previstos para todos os trabalhadores da empresa em 2023, "entre 7,4% e 9,6%, acima do que foi referenciado em sede de concertação social".
O presidente do SMAQ alega, no entanto, que esses "aumentos salariais não foram acordados com o sindicato" e defende uma "diferenciação dos salários dos maquinistas, tendo em linha de conta que recebem pouco mais do que o salário mínimo".
"Os maquinistas do MTS têm um trabalho penoso e de grande responsabilidade, têm de ter um curso de formação contínua para conduzir os comboios, mas ganham pouco mais do que o salário mínimo (760 euros), o que não se coaduna com as funções que exercem", disse António Domingues.
"Entendemos, por isso, que esses trabalhadores devem ter uma diferenciação no salário, que, no mínimo, deve ficar nos 1.000 euros de salário base, ou muito próximo desse valor", justificou.
O presidente do SMAQ deixa em aberto a possibilidade de novas paralisações se, entretanto, não for alcançado um acordo com a administração da empresa.
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